sábado, 16 de julho de 2011

Programas sociais da era Lula mudam perfil migratório no Brasil, diz especialista

Com emprego e renda, população prefere ficar em seu Estado natal



Pela primeira vez na história, os brasileiros pobres estão desistindo de deixar sua cidade natal em busca de qualidade de vida nos grandes centros. Estudo divulgado na última sexta-feira (15) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que São Paulo atrai cada vez menos gente e que a migração do Nordeste para o Sul e o Sudeste diminuiu nos últimos anos.

Para a especialista em migrações urbanas, Dulce Maria Tourinho Baptista, socióloga da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), o motivo para essa tendência foram os programas sociais implementados no Brasil na última década pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As mudanças regionais já vinham caindo há, pelo menos, 15 anos, mas essa tendência se intensificou na última década. Entre 1995 e 2000, 3 milhões de pessoas mudaram de região; entre 1999 e 2004 foram 2,8 milhões, mas entre 2004 e 2009 esse número caiu para 2 milhões.

- O resultado já era previsível em razão da política do governo Lula. Os programas sociais retêm as pessoas em suas cidades porque ninguém sai do local de origem se lá existir condições de prover a vida. Quando elas saem, é em busca de satisfazer as necessidades de sobrevivência, o que desencadeia o processo migratório.

De fato, o fenômeno foi notado especialmente no Nordeste, onde o governo anterior concentrou seus programas sociais.

Dulce diz que essa tendência só tende a aumentar. O reajuste de 19,4% do programa Bolsa Família anunciado pela presidente Dilma Rousseff em março vai despejar R$ 1,3 bilhão na economia do Nordeste, região em que 40% das famílias dependem do benefício. Ao todo, 6,5 milhões de nordestinos recebem o dinheiro todos os meses.

É também por isso que a migração para o Sudeste diminuiu. Em 2000, quase 1 milhão de pessoas deixou o Nordeste rumo ao Sudeste. Em 2009, esse número não passou de 444 mil. Já a migração para São Paulo caiu de 1,2 milhão para 535 mil de 1995 a 2009, ainda segundo o IBGE.

- No Nordeste também se vive com menos recursos do que nas grandes cidades.
 
Emprego e salário

Também no governo Lula, o Nordeste teve o dobro do crescimento que obteve no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. De 2003 a 2008 o Nordeste cresceu 31,5%, 3,6 pontos percentuais acima da média brasileira. Já na era FHC, a região cresceu 15,5%, também segundo o IBGE.

Já o emprego formal cresceu 5,9% de 2003 a 2009, mais do que o Brasil (5,4%) e o Sudeste (5,2%). A especialista diz que os grandes centros ainda são objeto de desejo de muita gente que vive em outras regiões do Brasil.




Portal R7

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