quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PSDB se esforça para esconder escândalo de 4 bilhões de Reais

Diante das várias denúncias, o PSDB fez incontáveis manobras até conseguir impedir a instalação  das investigações
pragmatismo politico
É a segunda denúncia em menos de dois meses envolvendo o governo Alckmin. Nas duas ocasiões os desvios de verba  atingiram a casa dos bilhões de reais.

Enquanto a direita transforma uma suposta "luta contra a corrupção" em sua estratégia central para ganhar mais espaço no regime político e tentar reverter sua crise, o principal governo deste setor, a administração estadual de São Paulo, é acusado de estar envolvido em mais um caso de corrupção.

E assim como a última denúncia, a que envolvia a compra de emendas parlamentares por um terço da Assembleia Legislativa de São Paulo, novamente os tucanos são acusados de participar de um esquema bilionário para favorecer os capitalistas

Desta vez a denúncia é contra o processo de licitação da linha 5-Lilás. Um esquema que segundo dados pela própria Justiça de São Paulo pode chegar a mais de R$ 4 bilhões.

Há pouco mais de um mês, o mesmo PSDB foi denunciado por estar envolvido em outro esquema bilionário. O deputado do PTB, Roque Barbiere, parte da base de sustentação do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), denunciou que pelo menos um terço dos deputados vendia emendas para grandes capitalistas e prefeituras ligadas principalmente ao PSDB.

Diante destas denúncias, o PSDB fez diversas manobras até conseguir impedir a instalação de uma CPI na Alesp.

Agora, começou uma operação para repetir o mesmo no metrô, empresa que, diga-se de passagem, já foi denunciada por outros desvios de verba como, por exemplo, o que envolveu o contrato entre a estatal paulista e a empresa Alston. O primeiro passo está sendo manter o presidente da empresa no cargo, negando todos os indícios de corrupção.

Tanto no caso das emendas como neste mais recente fica provado que a corrupção está diretamente ligada ao favorecimento dos empresários e, desta maneira, a única forma de combater estes ataques à população de São Paulo é a luta contra esta política direitista de favorecimento dos grandes capitalistas.


Vale Lembrar:


Por Altamiro Borges

Portal R7 foi o primeiro a retomar as denúncias de corrupção envolvendo as multinacionais Alstom e Siemens e os governos de São Paulo e do Distrito Federal. Na sequência, a TV Record, pertencente ao mesmo grupo, amplificou o escândalo no seu principal telejornal.
A investigação foi engavetada pela maioria tucana na Assembleia
Outros veículos também repercutiram o caso. Já a TV Globoaté agora não abriu o bico – será de tucano? Será que as denúncias não são importantes ou a família Marinho continua com a sua linha editorial de esconder as sujeiras demotucanas?

Segundo o Portal R7, o caso é dos mais escabrosos – justificando a cobertura jornalística de qualquer veículo minimamente ético e imparcial. A reportagem encontrou agora uma testemunha-chave, que detalhou as maracutaias das multinacionais para vencer licitações das obras do Metrô paulistano, da Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos (CPTM) e do Metrô de Brasília, ainda no governo do demo José Roberto Arruda. Ele garante que tudo foi feito irregularmente, mediante pagamento de propinas.

Reuniões em casas noturnas de São Paulo
A testemunha F, conforme relato do R7, acompanhou de perto as negociatas e denuncia que houve superfaturamento de 30% no contrato com a Siemens, em São Paulo. A multinacional alemã repassava a grana à empresa MGE Transportes, responsável pela manutenção de dez trens. O repasse destinava-se exclusivamente ao pagamento de propina. Na realidade, não havia a prestação dos serviços previstos, que constavam apenas como fachada para viabilizar contabilmente os pagamentos, acusa a fonte.

Já no que se refere ao contrato da linha 5 do Metrô de São Paulo, a testemunha afirma que a Alstom influenciou “decisivamente” o edital de licitação para obter vantagens sobre os concorrentes e garantir o controle sobre o processo. “As reuniões para tratar de assuntos que não poderiam constar em atas eram feitas em casas noturnas como o Bahamas”, denuncia. Nos documentos sob investigação, ele aponta os nomes de diretores de áreas comerciais, de engenharia e de obras que comandariam as operações.

Bilhões para subornar “autoridades”
“Um desses diretores ficou encarregado de guardar a sete chaves o documento que estabelecia as regras do jogo. Isto é, o documento que estabelecia o objeto de fornecimento e os preços a serem praticados por cada empresa na licitação. A Alstom, naturalmente, ficou com a maior e a melhor parte do contrato. A Procint e a Constech devolviam parte da comissão para a diretoria da Alstom”, afirma a testemunha ao Portal R7.

Todas as denúncias já foram encaminhadas, com farta documentação, ao Ministério Público de São Paulo. O caso das propinas pagas pelas duas multinacionais também está sendo investigado na Europa. Alstom e Siemens são acusadas de subornar políticos da Europa, África, Ásia e América do Sul. Somente a Siemens desembolsou US$ 2 bilhões em corrupção na fase recente, conforme denúncia de um tribunal de Munique. Reinhard Siekaczek, ex-diretor da empresa, garante que esquema envolveu o Brasil.

Demos e tucanos com insônia

No caso da Alstom, a Justiça da Suíça calcula que ao menos US$ 430 milhões foram utilizados no suborno de políticos, inclusive do Brasil – aonde é acusada de pagar US$ 6,8 milhões em propina para receber um contrato de US$ 45 milhões do Metrô de São Paulo. A forte suspeita de que a maior parte desta grana foi utilizada nas campanhas eleitorais de candidatos do PSDB e do DEM – o que tem deixado os demos e os tucanos com insônia.

Caso Controlar pode levar Kassab a investigação criminal

advivo


A decisão de ressuscitar o contrato com a Controlar, responsável pela inspeção veicular, deverá render mais problemas ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD).
Além de responder a um processo na área cível, que já lhe custou o bloqueio de seus bens, o prefeito deverá ser alvo de investigação criminal.
Os promotores Roberto de Almeida Costa e Marcelo Daneluzzi dizem que Kassab cometeu crime ao participar na fraude de um documento essencial na retomada do contrato com a Controlar.
Eles, que encaminharam a denúncia aos colegas da área criminal, baseiam-se no depoimento da funcionária de carreira Regina Fernandes de Barros, diretora do Decont (Departamento de Controle da Qualidade Ambiental).
Ela disse que recebeu pronto, de um assessor direto de Kassab, uma nota técnica que, em tese, legalizava a retomada do contrato em 2008.
Ela afirmou que não sabia que o documento seria utilizado para um aditivo contratual, com efeitos retroativos.
Esse documento era fundamental, dizem os promotores, porque o departamento dela, o Decont, "havia se posicionado pela irregularidade" dessa retomada.
Para os promotores, a nota ajudou diretamente na venda das ações da Controlar, que ocorreu na semana seguinte, porque criou-se um "álibi" de "aparente legalidade" e, dessa, garantiu aos compradores que o contrato bilionário prosseguiria.
A Justiça vê indícios de irregularidades na forma como a gestão Kassab repassou o serviço para a Controlar.
A licitação que escolheu a empresa foi feita na gestão Maluf (1993-1996). Kassab fez parte da sustentação política de Paulo Maluf e foi secretário de Celso Pitta (1997-2000).
Mais de dez anos depois, em 2007, Kassab desengavetou o contrato e decidiu usá-lo, mesmo após uma série de alertas sobre irregularidades feitos pelos próprios técnicos da prefeitura e pelo Tribunal de Contas do Município.
Um parecer, da Secretaria de Negócios Jurídicos, de 2006, recomendou a rescisão.
ÁREA CÍVEL
Na sexta-feira, a Justiça determinou o bloqueio dos bens de Kassab, do secretário Eduardo Jorge (Verde e Meio Ambiente) e de empresas e empresários ligados à Controlar.
Mandou ainda a prefeitura fazer nova licitação para o serviço em 90 dias.
Na área cível, Kassab responde às acusações de improbidade administrativa. Isso pode lhe render a perda do mandato e pagamento de indenização, por exemplo.
Já na criminal, ele deverá responder a lei de licitações e, assim, é passível de dois a quatro anos de detenção.
Kassab diz estar tranquilo porque não há, na visão dele, nenhuma irregularidade.
Quem deve investigar Kassab é um grupo especial ligado ao procurador-geral de Justiça, Fernando Grella, único com competência para investigar crimes de prefeitos.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Homem Forte e Coordenador da Campanha de Serra está preso em Natal (RN)



Enquanto a imprensa nacional acompanha os desdobramentos da ação deflagrada pelo Ministério Público Federal que bloqueou os bens do prefeito Gilberto Kassab, em razão de um contrato supostamente fraudulento na área de inspeção veicular, uma ação paralela – e muito mais explosiva – foi deflagrada simultaneamente no Rio Grande do Norte. Nela, foram expedidos 14 mandados de prisão na última quinta-feira. Um dos presos é João Faustino, suplente do senador Agripino Maia (DEM-RN) e uma figura muito, mas muito próxima do ex-presidenciável tucano José Serra. Enquanto Serra foi governador de São Paulo, Faustino despachava no Palácio dos Bandeirantes, como subchefe da Casa Civil, sendo diretamente subordinado ao então chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, que hoje é senador. Quando Serra se tornou presidenciável, João Faustino passou a coordenar as atividades da campanha – inclusive a arrecadação de recursos – fora de São Paulo. O que Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, fazia em São Paulo, João Faustino fazia em outros estados.
Uma nota publicada neste sábado na coluna Painel, da Folha de S. Paulo, revela que Serra trabalhou intensamente para que João Faustino fosse escolhido como suplente na chapa de Agripino Maia. Serra e Faustino são tão próximos que o político potiguar conseguiu até nomear pessoas da sua mais estrita confiança em cargos comissionados no governo de São Paulo.
As operações do MP em São Paulo e da Polícia Civil, no Rio Grande do Norte, aconteceram de forma absolutamente coordenada. Se, na capital paulista, o MP conseguiu bloquear os bens do prefeito Gilberto Kassab, dando repercussão nacional ao fato, em Natal é que foi desferido o golpe mortal.
Negócio da China
Nas duas cidades, o caso investigado diz respeito à inspeção veicular, num esquema que teria sido criado pela empresa Controlar, do empreiteiro Carlos Suarez, ex-dono da OAS. Em São Paulo, a Controlar teria fechado negócio na gestão Celso Pitta, mas o contrato só foi validado, 12 anos depois por Kassab. Assim, Suarez conseguiu vender a empresa para a CCR, das empreiteiras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Na transação, segundo o MP, Suarez teria lucrado R$ 170 milhões. Em Natal, por sua vez, o contrato de inspeção veicular, também feito de forma irregular, renderia R$ 1 bilhão aos empreiteiros durante o prazo de concessão.
Não será surpresa se, nos próximos dias, as duas ações – a de São Paulo e a de Natal – se aproximarem mais e mais do ex-governador e ex-presidenciável tucano, José Serra.

Após 22 anos Boni admite que Globo manipulou e armou contra Lula para eleger Collor



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PCdoB processa editoras Abril e Globo por ataques ofensivos

O PCdoB vai entrar na terça-feira (27), na Justiça do Distrito Federal, com ações penal e indenizatórias contra as editoras Abril e Globo, por conta de publicações ofensivas nas revistas Veja Época. A primeira por ter deflagrado uma campanha ofensiva orquestrada pela grande mídia contra um membro do partido e a própria legenda. Já a segunda, pela gratuidade do ataque e por ser de tão baixo calão.

vermelho.org

“Já tínhamos, no decorrer desse enfrentamento, o compromisso de que iríamos lutar em todas as frentes, inclusive a judicial, sobretudo procurando construir ações contra dois órgãos de imprensa que nos atacaram de forma mais agressiva”, declarou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo.

Contra a Veja, serão duas ações. Uma de reparação de danos, que pedirá 3 mil salários mínimos, contra três edições  – de 19 de outubro, 26 de outubro e 2 de novembro. Na primeira matéria, do dia 19, intitulada “O ministro recebia dinheiro na garagem”, a revista faz acusações baseadas em uma entrevista com o policial militar João Dias Ferreira, que denuncia, sem provas, o partido por desvio de verbas, afirmando – o que inclusive dá título à matéria – que o então ministro do Esporte, Orlando Silva, receberia valores em uma garagem. Nem o próprio militar testemunhou.

Na matéria da edição de 26 de outubro, "A coisa fugiu do controle", o semanário forja a ideia de que o ministério se tornou “uma fábrica de moedas para os cofres de entidades ligadas aos comunistas”. E, por falta de provas e fontes, repete a falácia exposta na edição anterior.

Em “Escândalo latente”, matéria publicada na edição de 2 de novembro, Veja abre o texto com um lide emporcalhado, que nem mesmo suas 30 linhas sustentam. Tenta sacramentar a saída de Orlando Silva do ministério como parte de uma pseudofaxina da presidente Dilma Rousseff, como se o PCdoB fosse um corrupto a ser varrido. E mais ainda, tenta dissociar o atual governo de seu antecessor, o do presidente Lula, o que não é verdade.

Tamanhos foram os ataques feitos pela revista, que os jornalistas que redigiram as matérias, Rodrigo Rangel e Daniel Pereira, e o redator-chefe Mauro Sabino, serão processados criminalmente. A ação penal contra os profissionais será por crime contra a honra  – calúnia, difamação e injúria.

“Nesse caso, houve os três, injúria, calúnia e difamação. Houve ataques e tentativas de desqualificar o partido e um membro do partido, atentando contra a dignidade. E além deles terem publicado na edição impressa, mantêm disponível em suas páginas na internet”, declarou o advogado Paulo Machado, responsável pelas ações.

O advogado acrescentou que, com relação às indenizações por danos morais, o que mais importa é a condenação e não os valores obtidos. “O que pesa na ação é o julgamento, uma vez que no país não há jurisprudência para condenações de grandes valores”, observou Paulo Machado.

Época 

No caso da revista Época, da Editora Globo, será uma ação por danos morais pela matéria “Comunismo de resultados” e capa com a chamada “PC do Bolso”, em uma insinuação de que a legenda estaria retirando recursos da pasta do Esporte e da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A ação pede dois mil salários mínimos. 

“Partidos comunistas causam um certo pavor nas forças conservadoras. E a mídia é o instrumento que elas têm para atacarem. O que demonstra o antagonismo dessas forças com o partido”, declarou Renato Rabelo, referindo-se ao anticomunismo presente na sociedade.

Alunos da Economia-Unicamp declaram Serra persona non grata

advivo


Em assembleia realizada no último dia 17, os estudantes do Instituto de Economia da Unicamp decidiram propor à Congregação desse Instituto que o ex-governador de São Paulo e seu ex-docente seja considerado persona non grata.
Em nota, os estudantes fazem um resgate histórico da atuação do ex-governador no que diz respeito à educação superior no Estado. Os alunos apontam autoritarismo, contingenciamento de recursos, privatismo, criminalização dos movimentos, entre outras críticas, no na relação de Serra com as universidades paulistas.
“José Serra não só foi contra, de diversas formas e repetidas vezes, a respeitada linha de pensamento heterodoxo do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, na qual ele mesmo lecionou como parte do corpo docente de 1979 a 1983, como também atuou contra, tanto por omissão quanto deliberadamente, o desenvolvimento institucional desta mesma Casa quanto das Universidades Públicas Paulistas como um todo”, diz o texto.
Leia abaixo:
JOSÉ SERA: PERSONA NON GRATA
A assembleia dos estudantes do Instituto de Economia da UNICAMP, realizada no dia 17/11/2011, deliberou que o ex-governador José Serra fosse declarado persona non grata deste Instituto. Alguns dos motivos para tal declaração são expostos no texto subseqüente que foi redigido a partir de outra deliberação da supracitada assembleia.  Serra e as universidades paulistasImportante conquista para a comunidade universitária como um todo, USP, UNESP e UNICAMP gozam de autonomia universitária desde 1989. Financeiramente a autonomia se dá via um repasse direto de 9,57% do ICMS arrecadado no estado de São Paulo, o que permitiu evitar a política de “pires na mão” do modelo anterior, que sofria sobressaltos de toda ordem já que os recursos eram repassados sob demanda.
Antes de mais nada, é preciso relembrar o que se passou antes da posse de José Serra no governo de São Paulo: o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo (do PFL), vetou no último dia útil de seu mandato (29 de dezembro de 2006) o aumento de repasse de verba para as três universidades públicas paulistas (USP, UNICAMP e UNESP) e também para o Centro Paula Souza (responsável pelas faculdades tecnológicas e escolas técnicas). Este aumento tinha sido aprovado pela Assembleia Legislativa depois de pelo menos oito meses de negociação. O repasse previsto seria de 10,43% do ICMS, mas com o veto ficou em 9,57%, uma diferença de cerca de R$ 500 milhões. Segundo declaração1, o ex-governador Cláudio Lembo consultou José Serra antes de tomar a medida afirmando, além disso, que não faltava dinheiro para as universidades públicas e que o problema é a má administração da verba.
As grandes decisões de interesse comum para distribuição e utilização desse repasse é feita pelo Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (CRUESP), que é sempre presidido por um dos três reitores em forma de rodízio.
Em 2007, em seu primeiro mês de mandato como governador do estado José Serra criou a Secretaria do Ensino Superior, a qual vinculou as três universidades paulistas. Além disso, nomeou José Aristodemo Pinotti o qual, por decreto, passou a ser o novo presidente do CRUESP, com poderes acima dos reitores das universidades. Seguindo desta ação autoritária e centralizadora houve o contingenciamento de parte dos repasses às universidades (só no primeiro mês, a USP teve uma perda de R$11,5 milhões, a UNESP recebeu apenas R$ 2,4 milhões de R$ 12,7 milhões e a UNICAMP recebeu R$ 5,5 milhões a menos).
Neste contexto houve uma das greves mais cansativas nas universidades públicas paulistas, com ocupação da reitoria da USP e longo embate até que o governo estadual retrocedesse e alterasse o decreto, devolvendo às universidades parte da autonomia que lhes é de direito. 
O pacote privatista cindia pesquisa e ensino, sediava a pesquisa em ilhas, associando-a a empresas, substituía o ensino presencial por telecursos e submetia o todo a critérios empresariais.
Resultou em greves por todo o Estado, na primeira ocupação da reitoria da USP (maio-junho, 2007) e na demissão do secretário Pinotti.
O governo, porém, não desistiu. Passou a priorizar a liquidação do movimento que obstou o primeiro carro-chefe da campanha de Serra à Presidência. Fez a reitoria nomear um investigador de polícia como diretor de segurança da USP no final do ano de 2007. 
Em 2009, durante o período de negociação de pauta unificada, onde são discutidas as correções salariais para as três universidades, José Serra atuou de forma autoritária novamente, enviando a tropa de choque da PM ao campus, a fim de “garantir o livre acesso” à universidade.
Em janeiro de 2010, José Serra recebeu, em suas mãos, a lista tríplice da USP com os nomes dos três canditados à reitoria que angariaram mais votos dentro da universidade – por tradição e bom senso, sempre foi nomeado o candidato mais votado como reitor tanto na USP, UNESP quanto na UNICAMP. O que sucedeu foi que o candidato mais votado foi preterido em favor de João Grandino Rodas, que deixou a diretoria da Faculdade de Direito da USP (FDUSP) para assumir a Reitoria.
Recentemente, dia 29 de setembro de 2011, a Congregação da Faculdade de Direito da USP (da qual fazem parte alunos, funcionários e professores) decidiu, de forma unânime, considerar o reitor da USP, João Grandino Rodas, “persona non grata” na escola. Além disso, a mesma decidiu ainda encaminhar ao Ministério Público uma lista de medidas tomadas por Rodas, ex-diretor da faculdade, que julga merecedoras de atenção, entre elas gasto com os boletins com críticas pessoais à faculdade, o fechamento da biblioteca da São Francisco, último ato da gestão de Rodas na unidade, a assinatura de um contrato de gaveta para batizar uma sala de aula com o nome do banqueiro Pedro Conde e a transferência para o gabinete da reitoria de dois tapetes orientais doados pela Fundação Arcadas à direção da faculdade. Além disso, Rodas tem passado de autoritarismo por ter autorizado a entrada da Polícia Militar no campus Butantã da USP em 9 de junho de 2009 para reprimir uma manifestação de funcionários e estudantes e em 2007 por ter chamado a tropa de choque da Polícia Militar para acabar com uma ocupação simbólica da Faculdade de Direito, organizada por movimentos sociais.
Tendo este resgate histórico em vista, consta que José Serra não só foi contra, de diversas formas e repetidas vezes, a respeitada linha de pensamento heterodoxo do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, na qual ele mesmo lecionou como parte do corpo docente de 1979 a 1983, como também atuou contra, tanto por omissão quanto deliberadamente, o desenvolvimento institucional desta mesma Casa quanto das Universidades Públicas Paulistas como um todo.
Sendo assim, consideramo-nos obrigados a declarar José Serra como persona non grata desta Casa e encaminhamos, cordial e respeitosamente, o pedido para que seja discutida e avaliada a declaração do mesmo como persona non grata pela Congregação desta Casa.


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O direito de ver e de se informar

Se a censura oficial deixou de existir, a empresarial cresceu de forma assustadora. Hoje quem impede o brasileiro de saber muito do que ocorre no país e no mundo são os grandes grupos de comunicação. Mostram um recorte da realidade produzido segundo seus interesses e escondem o que não lhes convêm.

 

Publicado originalmente na Revista do Brasil (Novembro, 2011)

Quem viveu a ditadura militar no Brasil sabe o que é censura. Jornais publicavam poemas e receitas de bolo no lugar dos textos cortados pelos censores. Nas redações temas proibidos estavam nos murais para nenhum jornalista tocar naqueles assuntos. Felizmente isso acabou e o Estado agora é responsável pela garantia da liberdade de expressão.

Mas se a censura oficial deixou de existir, a empresarial cresceu de forma assustadora. Hoje quem impede o brasileiro de saber muito do que ocorre no país e no mundo são os grandes grupos de comunicação.

Mostram um recorte da realidade produzido segundo seus interesses e escondem o que não lhes convêm. Como são poucos, com orientações editoriais semelhantes, a diversidade de notícias e de interpretações da realidade desaparecem.

Em política e economia a prática é diária. Basta ver o alinhamento do noticiário com os partidos conservadores e a exaltação da eficiência do mercado. Na televisão, a censura vai mais longe e chega até ao esporte.

De disputas esportivas, quase todas as competições foram sendo transformadas em programas de televisão, subordinados aos interesses comerciais das emissoras.

Tornaram-se produtos vendidos por clubes e federações às TVs que, em muitos casos, compram e não transmitem os eventos, só para evitar que os concorrentes o façam.

Há um caso exemplar ocorrido em Pernambuco. Enquanto a Rede Globo transmitia para o Estado jogos de clubes do Rio ou de São Paulo, a TV Universitária local colocava no ar as partidas do campeonato estadual.

Claro que estas despertavam maior interesse, elevando a audiência da emissora. A Globo, sentindo-se incomodada, comprou os direitos de transmissão do campeonato para não transmiti-lo, retirando do torcedor local o direito de ver o seu time jogar.

Quando passamos do regional para o global a disputa fica ainda mais acirrada, como vimos com o recente duelo travado entre Globo e Record em torno dos jogos Panamericanos de Guadalajara.

Salvo em raros momentos, a emissora da família Marinho nunca deixou de ditar a pauta esportiva nacional. Além das transmissões de eventos, seus noticiários foram sempre contaminados por exaustivas coberturas das competições.

Quantas vezes o Jornal Nacional dedicou mais tempo à seleção de futebol ou a uma corrida de carros do que a assuntos de relevante interesse político ou social?

Com a ascensão da Record o quadro mudou. E o Pan do México ficará na história da televisão brasileira como o momento de ruptura do monopólio das transmissões esportivas no país.

Se há o lado positivo da entrada de um novo ator em cena, há a constatação de que o direito de ver segue sendo usurpado do telespectador.

No caso da Globo, seus decantados “princípios editoriais”, segundo os quais “tudo aquilo que for de interesse público, deve ser publicado, analisado, discutido” foram, outra vez, ignorados.

Nos primeiros dias de disputa o Pan não existiu para a Globo e, depois, ficou restrito a míseros segundos no ar. Na concepção da emissora, por serem transmitidos pela concorrente, deixaram de ter “interesse público”.

Por outro lado a Record não fez por menos e de olho na audiência, em muitos momentos, não transmitiu os jogos – e só ela podia fazer isso – para manter no ar sua programação normal.

Frustrou inúmeros telespectadores que num domingo foram em busca do Pan e se viram diante do Gugu.

A aplicação das leis de mercado, sem controle, ao mundo da TV é a causa desse desconforto. Não há como mudar a situação sem a inteferência do Estado, colocando algumas regras para proteger o telespectador.

No caso específico do futebol, o governo argentino resolveu o problema comprando os direitos de transmissão dos jogos do campeonato nacional, passando a transmiti-los em sinal aberto pelo Canal 7, a emissora pública do país. Não é uma boa ideia para começar?


Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.


Semana de Doação de Sangue

Objetivo é aumentar estoques para suprir a demanda dos próximos meses

rj.gov.br
O Hemorio, órgão da Secretaria de Saúde, lançou nesta terça-feira (22/11) a campanha da Semana do Doador de Sangue, que será comemorada em todo o Brasil na próxima sexta-feira (25/11). A abertura do evento foi realizada na Cinelândia, no centro do Rio.

Segundo a supervisora de coleta do Hemorio, Janine Cardoso, o objetivo da ação é assegurar o aumento de estoques de sangue em níveis suficientes para suprir a demanda dos próximos meses.

- É muito importante esta campanha, pois os estoques do Hemorio são distribuídos para cerca de 200 hospitais. É essencial que as pessoas tenham a noção da importância de manter estes estoques sempre bem abastecidos - disse a médica.

Com a proximidade das festas de Natal, Réveillon e Carnaval, aumenta a preocupação dos hemocentros em todo o país em não deixar faltar sangue em seus estoques. Historicamente, há uma queda de aproximadamente 35% das doações entre dezembro e fevereiro, época em que as pessoas costumam sair de férias. No Carnaval, a queda chega a 50%.
O universitário Carlos Henrique Lage contou que doa sangue sempre que tem um tempo disponível.

- Por conta de meu tipo sanguíneo ser AB positivo, pouco comum na população brasileira, é que procuro fazer esta ação, pois vale à pena - explicou.

Para ser um candidato a doação de sangue é necessário ter entre 16 e 68 anos incompletos, pesar mais de 50 quilos, estar em boas condições de saúde e trazer um documento oficial de identidade com foto (RG, carteira de motorista ou carteira de trabalho). Não é necessário estar em jejum. O doador deve evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação e a ingestão de bebidas alcoólicas, doze horas antes.

- A última vez que doei sangue foi em Minas Gerais. Tenho a plena consciência que todo o dia é dia de doar sangue. Salvamos muitas vidas sempre que fazemos isto - afirmou a administradora de empresas, Carla Oliveira.

A campanha, que tem o apoio do RIOSOLIDARIO - Obra Social do Rio de Janeiro, espera receber cerca de dois mil candidatos até sexta-feira (25/11). A coleta será realizada no Hemorio todos os dias, inclusive sábados, domingos e feriados, das 7h às 18 h. O espaço fica na Rua Frei Caneca, 08, no centro.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

As relações obscuras de Serra e Chevron


Por trás do silêncio da imprensa sobre o desastre provocado pelo vazamento de óleo no Campo do Frade, na Bacia de Campo (ver comentários de Brizola Neto), está um outro vazamento: a promessa de José Serra de rever os marcos de exploração do Pré-Sal a favor das petroleiras americanas.

Não se trata de uma convicção pessoal de Serra. Ele apenas verbalizou a posição de setores políticos (capitaneados pelo PSDB) e econômicos do país, aí incluídos os conglomerados de mídia.

É evidente que os interesses das estrangeiras na exploração do Pré-Sal poderiam ser afetados se a imprensa desse ampla cobertura ao desastre, que tem indícios fortes de negligência (uso de equipamentos obsoletos) e crime ambiental.

Dá para imaginar se o vazamento fosse provocado pela Petrobras nos EUA. Nem a imprensa daqui se calaria.

Abaixo a informação da Folha, tendo o Wikileaks como fonte, de que Serra prometeu ajudar a empresa a conquistar espaços na exploração do Pré-Sal.

Folha de S.Paulo – Petroleiras foram contra novas regras para pré-sal – 13/12/2010Segundo telegrama do WikiLeaks, Serra prometeu alterar regras caso vencesseAssessor do tucano na campanha confirma que candidato era contrário à mudança do marco regulatório do petróleo
JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIACATIA SEABRADE SÃO PAULOAs petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso le vencesse.É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA, de dezembro de 2009, obtido pelo site WikiLeaks (http://www.wikileaks.ch/). A organização teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado à divulgação no site do WikiLeaks.“Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.Um dos responsáveis pelo programa de governo de Serra, o economista Geraldo Biasoto confirmou que a proposta do PSDB previa a reedição do modelo passado.“O modelo atual impõe muita responsabilidade e risco à Petrobras”, disse Biasoto, responsável pela área de energia do programa. “Havia muito ceticismo quanto à possibilidade de o pré-sal ter exploração razoável com a mudança de marcos regulatórios que foi realizada.”Segundo Biasoto, essa era a opinião de Serra e foi exposta a empresas do setor em diferentes reuniões, sendo uma delas apenas com representantes de petroleiras estrangeiras. Ele diz que Serra não participou dessa reunião, ocorrida em julho deste ano. “Mas é possível que ele tenha participado de outras reuniões com o setor”, disse.SENSO DE URGÊNCIAO despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro.O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem “senso de urgência”. Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: “Vocês vão e voltam”.A executiva da Chevron relatou a conversa ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio.A mudança que desagradou às petroleiras foi aprovada pelo governo na Câmara no começo deste mês.Desde 1997, quando acabou o monopólio da Petrobras, a exploração de campos petrolíferos obedeceu a um modelo de concessão.Nesse caso, a empresa vencedora da licitação ficava dona do petróleo a ser explorado -pagando royalties ao governo por isso.Com a descoberta dos campos gigantes na camada do pré-sal, o governo mudou a proposta. Eles serão licitados por meio de partilha.Assim, o vencedor terá de obrigatoriamente partilhar o petróleo encontrado com a União, e a Petrobras ganhou duas vantagens: será a operadora exclusiva dos campos e terá, no mínimo, 30% de participação nos consórcios com as outras empresas.A Folha teve acesso a seis telegramas do consulado dos EUA no Rio sobre a descoberta da reserva de petróleo, obtidos pelo WikiLeaks.Datados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, mostram a preocupação da diplomacia dos EUA com as novas regras. O crescente papel da Petrobras como “operadora-chefe” também é relatado com preocupação.O consulado também avaliava, em 15 de abril de 2008, que as descobertas de petróleo e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderiam “turbinar” a candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.O consulado cita que o Brasil se tornará um “player” importante no mercado de energia internacional.Em outro telegrama, de 27 de agosto de 2009, a executiva da Chevron comenta que uma nova estatal deve ser criada para gerir a nova reserva porque “o PMDB precisa de uma companhia”.Texto de 30 de junho de 2008 diz que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA causou reação nacionalista. A frota é destinada a agir no Atlântico Sul, área de influência brasileira.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

“Veja faz um jornalismo de trás para a frente”, explica o jornalista e professor da USP Cláudio Julio Tognolli


“Veja faz um jornalismo de trás para a frente”, explica Cláudio Julio Tognolli, repórter do semanário na década de 1980 e hoje professor da USP. Segundo ele, se estabelece uma tese e a partir dela se parte para a rua, para a apuração. Ouvir lados diferentes da história e pesquisar sobre o tema são práticas que não alteram a “pensata”, jargão para definir a tese que a matéria deve comprovar. Dentro da redação, o melhor repórter é o que traz personagens e fontes para comprovar a tese. “Assim, Veja ensina à classe média bebedora de uísque o que pensar”, alfineta.



Dilma sanciona Comissão da Verdade: “Esta é nossa hora”

Presidenta destaca que silêncio e esquecimento são inimigos da democracia e afirma que colegiado para apurar crimes da ditadura não significa revanchismo, mas o fim da cumplicidade


 Entre ministros, Dilma disse: "Não podemos deixar que a verdade se corrompa com o silêncio" (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

A presidenta da República, Dilma Rousseff, destacou nesta sexta-feira (18), durante a sanção do projeto de lei que cria a Comissão da Verdade, que cada país tem o momento correto para a revisão do passado e que a intenção não é promover a vingança ou o revanchismo. “O Brasil está fazendo agora. Esse é o nosso momento histórico, essa é a nossa hora. A Comissão da Verdade tem grande significado para a nossa história”, destacou em cerimônia no Palácio do Planalto, na qual lembrou que Argentina, Chile e Peru já criaram colegiados do gênero para investigar os regimes autoritários.

A presidenta fez algumas menções a críticas realizadas durante a tramitação do projeto no Legislativo, marcada por disputas que chegaram a ameaçar a aprovação da matéria. Setores das Forças Armadas e da oposição afirmavam haver tentativa de revanchismo na criação da Comissão da Verdade, que terá a incumbência de apurar violações de direitos humanos cometidas por agentes do Estado, e defendiam que o melhor era esquecer a ditadura para evitar a reabertura de antigas feridas. Para Dilma, o silêncio e o esquecimento são os verdadeiros inimigos da democracia, e um processo de construção da verdade e da memória não pode ser entendido como vingança. “Não podemos deixar que a verdade se corrompa com o silêncio”, advertiu.

Dilma destacou que este é o momento de mostrar às novas gerações o caminho pelo qual hoje o Brasil vive em liberdade para que elas saibam que muitas pessoas resistiram à repressão para construir uma sociedade democrática. “A verdade sobre o passado é fundamental para que os fatos que mancharam nossa história nunca mais voltem a acontecer.”

A presidenta não deu indicações sobre os futuros integrantes da Comissão da Verdade e nem mesmo sobre o perfil que levará em conta na hora da seleção. Pela lei, os sete membros do colegiado não podem ser dirigentes partidários nem ter ligação direta com o tema, o que exclui a possibilidade de participação de militares. Espera-se que os nomes sejam anunciados pelo governo em dezembro, para que os trabalhos, com duração de dois anos, tenham início no primeiro semestre de 2012. De acordo com a lei, o período a ser apurado vai de 1946 a 1988, o intervalo entre duas Constituições democráticas, mas é esperado que o trabalho tenha como foco o regime autoritário (1964-85).

Na cerimônia foi sancionado também o projeto que cria a Lei de Acesso à Informação Pública, que permite que todos os cidadãos solicitem documentos relativos a qualquer órgão público dos três poderes. A solicitação deve ser atendida de imediato ou, quando não houver possibilidade, em no máximo 20 dias.

Dentro de seis meses, todas as entidades públicas terão de colocar à disposição nas respectivas páginas na internet informações completas sobre contratos, licitações, gastos com obras, repasses ou transferências de recursos. Durante a tramitação no Legislativo também houve resistência, em especial no Senado, onde os ex-presidentes da República José Sarney e Fernando Collor de Mello tentaram manter o ponto relativo aos prazos para o sigilo de documentos oficiais.

Pela lei que vigia até hoje, poderia haver renovação eterna desses prazos, sob decisão do presidente da República, de modo a que esses papéis nunca chegassem a conhecimento público. Sarney e Collor argumentavam que poderiam vir à tona questões delicadas para a diplomacia do Brasil, como as relativas à Guerra do Paraguai. Agora, mesmo os documentos classificados como “ultra-secretos” estarão protegidos por 25 anos, prorrogáveis por outros 25.

Dilma, porém, optou por enfatizar o ponto da lei que proíbe que qualquer documento a respeito de direitos humanos seja tornado sigiloso. “O sigilo não oferecerá nunca mais guarida ao desrespeito aos direitos humanos no Brasil”, destacou. Ela considera que a lei é fundamental para que se tenha acesso a documentos que ajudem a esclarecer os episódios ocorridos durante a ditadura.

Durante a cerimônia, Dilma fez agradecimentos aos ministros do governo Lula que construíram o projeto depois encaminhado ao Congresso, com ênfase especial ao caso de Franklin Martins, titular da Secretaria de Comunicação Social durante o segundo mandato. Dilma classificou a data como histórica e apontou que a democracia brasileira obteve uma demonstração de maturidade, com um Estado disposto a ter transparência e a respeitar a verdade. “São momentos especiais que ficarão para sempre marcados na história do Brasil, que colocam nosso país em um patamar superior, de subordinação do Estado aos direitos humanos.”

O povo exige

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, lembrou que a Constituição de 1988 foi uma conquista democrática, mas faltava a regulamentação do ponto que previa o direito dos cidadãos de acessarem as informações públicas. “A tensão entre poder e limite é uma tensão fundamental num Estado de direito. E era necessário que se viesse a disciplinar o direito à informação como um limite republicano que afirmasse que a informação não é poder de quem governa, mas que a informação é algo que pertence ao povo.”

A respeito da Comissão da Verdade, Cardozo ressaltou que, apesar de passado tanto tempo, o conhecimento dos fatos continua válido sob o ponto de vista ético e da necessidade de dar ao trabalho um caráter pedagógico. Sobre as críticas, o ministro ponderou que se trata de uma exigência da sociedade brasileira. “Não é com a supressão da liberdade que se constrói a paz de um povo em seu desenvolvimento.”