terça-feira, 3 de maio de 2011

Mantega: a Vale tem de olhar o interesse do Brasil

Foi corajosa a postura do ministro da Fazenda, Guido Mantega, hoje, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado ao afirmar que o governo tem o direito de se manifestar sobre os rumos que a Vale, maior empresa privada e exportadora do país, toma em seus negócios, pois controla 60% da mineradora.

- Não nos esqueçamos de que a Vale tem 60% (do controle acionário)) da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e BNDES. O governo tem participação, tem que se preocupar com a empresa, e ela tem que contribuir, sim, para o país. Ela  tem que ter lucro, remunerar acionistas, ter bases sólidas, porém tem que olhar para os interesses do país.

Mantega afirmou aos senadores que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou claramente sua insatisfação com a demissão em massa de trabalhadores logo  na crise de 2008/2009 e com o abandono de projetos siderúrgicos, considerados pelo governo estratégicos para o país

- Não escondo o interesse do governo em que a Vale invista em siderurgia e aumente o seu valor agregado. Mas o governo nunca fez nenhuma imposição -ponderou Mantega. – A Vale tinha prometido fazer investimentos no Pará. Não fez, e isso, evidentemente, desagradou ao (ex-)presidente Lula.

- Quando começou a crise, o governo disse que ia dar condições para que as empresas não demitissem funcionários, e a Vale, com todo aquele seu poderio, demitiu 1.200 funcionários, fazendo barulho inclusive, fazendo propaganda. Uma empresa onde a folha de pagamento representa nada. O presidente Lula, com muita razão, manifestou-se democraticamente. Ele podia ter retaliado a Vale, a Vale é uma concessão; podia ter aumentado impostos. Mas o governo não fez nada disso. O presidente Lula usou o chamado jus sperniandi (direito de espernear, de protestar). Não vejo situação mais democrática do que essa: Lula mostrou sua insatisfação, e o senhor Roger Agnelli simplesmente ignorou, continuou fazendo aquilo que achava necessário.

É isso aí. Governo que não exercesse seu dever de zelar para que uma empresa que tem 60% do controle acionário nas mãos do Estado trabalhe para o bem do país é que devia ser criticada. Aqui, porém, parece que investir no Brasil é quase um crime.


Tijolaço

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