quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Não bastam “Mais Médicos”, é preciso “Algum Caráter”


Tijolaço

A notícia entrou ontem à noite no UOL: o médico brasileiro Patrick Henrique Cardoso foi afastado do “Mais Médicos” por ter, três dias depois de começar a trabalhar num posto de saúde na periferia de Brasília, se declarado “de férias”, abandonado o posto e viajado para os Estados Unidos.

Sim, “pediu” licença, concedeu-a a si mesmo e foi.

O UOL, apesar de ter visitado a página de Patrick Henrique Cardoso – isso não é um nome, é uma definição! – não diz que ela é um amontoado de campanha contra o Mais Médicos, contra os profissionais cubanos, contra o governo e um amontoado de “coxices”. Parece um “white bloc”.

É obvio que o “Dr. Patrickinho” não pretendia atender na periferia, com esse programa. Foi apenas para tumultuar.

Veio-me à cabeça o artigo do correto e respeitável médico Dráuzio Varella que, apesar de defender a vinda dos médicos estrangeiros, critica o  Governo pela “esperteza de jogar o povo contra a classe médica”.

Dr. Drauzio, com todo o respeito, quem está jogando o povo contra a classe médica são os “patrickinhos” que agem assim e de mil outras maneiras, como temos visto. Contra eles, não se vê sequer uma reação “ética” corporativa, nenhuma vaia, nenhum cartaz, nenhuma crítica.

O restante do artigo tem observações corretas e não há nenhuma dúvida de que o programa não é uma solução estrutural para a saúde brasileira, mas uma emergência. Afinal, como diz o próprio Dr. Dráuzio, “é melhor um médico com formação medíocre, mas boa vontade, do que não ter nenhum, ou contar com um daqueles que mal olha na cara dos pacientes”.

Nem podemos afirmar que estes têm formação medíocre nem, como o autor do artigo admite, que os formados aqui não sejam medíocres.

Quanto ao “improviso”, e isso ter sido uma “resposta às manifestações”, eu sugiro que o Dr. Dráuzio peça ao Ministério da Saúde a cópia dos processos administrativos nos quais se tratou dessa questão. Um deles, há bem mais de um ano, passou em minhas mãos, porque tratava do registro junto aos conselhos e o encaminhei à representante da Advocacia Geral da União pedindo muita atenção ao tema, porque sabia que a reação corporativa iria ser imensa. A ideia de os contratos terem a forma de “bolsa”, em parte, visava superar – quanta ingenuidade tivemos! – essa objeção das entidades médicas.

Sendo um médico honrado, capaz de examinar a ação médica a partir do interesse humano, o Dr. Dráuzio verá que não houve oportunismo, embora tenha havido oportunidade, porque é muito bom exigir saúde “padrão Fifa” quando se esquece de que ela não pode prescindir, de jeito algum, de médicos.

E o fato, que o Dr. Dráuzio já tantas vezes mencionou, é que os médicos brasileiros – nem os recém-formados como este Dr. “Patrickinho” – não querem trabalhar em locais distantes. Alguns, nem mesmo em lugares próximos e pobres.

E se prestam ao papel de verdadeiros agentes provocadores, para tumultuar o Mais Médicos e desacreditá-lo.

Quem, afinal, está fazendo demagogia com a saúde pública?

Por: Fernando Brito

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