sexta-feira, 18 de março de 2011

Record complica acertos "secretos" da Globo com cartolas pelo Brasileirão



A TV Record ofereceu publicamente R$ 100 milhões por ano para o Flamengo, e o mesmo valor para o Coríntians pelo direito de transmitir na TV aberta 19 jogos de cada, no Campeonato Brasileiro.

A proposta é apenas pelos direitos de transmissão na TV aberta, o que dá aos clubes a margem de negociar à parte pacotes na TV a cabo pay-per-view, internet e celular.

Os dois clubes tem as maiores torcidas e dão as maiores audiências nos jogos.

A emissora emitiu um comunicado que tem um endereço certo: os acordos "secretos" da TV Globo com os Cartolas dos Clubes, na calada da noite:

"A Rede Record, como sempre agiu desde o início do processo de negociação do Campeonato Brasileiro de Futebol, reafirma sua intenção de negociar, com total e absoluta transparência, diretamente com todos os clubes envolvidos.
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Iniciamos essa etapa da negociação apresentando ao Clube de Regatas Flamengo e ao Sport Club Corinthians Paulista as nossas propostas e, ao mesmo tempo, registramos os documentos em cartório para provarmos que agimos de acordo com as determinações do CADE e da livre concorrência. A proposta é de R$ 100 milhões por ano, para cada um dos clubes, pela transmissão de, no mínimo, 19 jogos a cada temporada dos Campeonatos Brasileiros de 2012 a 2016.
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Clareza de propósitos, negociações à luz do dia, em horário comercial e com respaldo jurídico são os nossos objetivos em todo o processo.
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Se as partes envolvidas agirem assim, temos a absoluta certeza de que, nos próximos cinco anos, o futebol brasileiro vai ser protagonizado pelas maiores estrelas do nosso futebol e coroado com a recuperação econômica dos clubes, aumento do interesse dos torcedores e dos telespectadores pelo espetáculo, exibição das partidas em horários mais adequados e ampliação do número de patrocinadores."

A proposta da Record coloca a Globo e os cartolas em saia justa.

A Globo será obrigada a cobrir as propostas. E os cartolas terão dificuldades para explicar que não estão sendo corrompidos, caso assinarem qualquer acordo com a Globo por valores mais baixos do que o oferecido pela Record, oficialmente, registrado em cartório. Essa atitude também dá à Record as bases jurídicas para um processo no CADE.

O presidente do Grêmio, Paulo Odone, já é um cartola que terá dificuldades em explicar porque fechou a toque de caixa um contrato com a Globo, anunciado ontem, sem esperar pela proposta de outras emissoras, como a Record, mesmo tendo até o final do ano para negociar estes direitos para 2012.

Os valores do contrato da Globo com Odone é tratado confidencialmente, mas circula a informação de que foi de R$ 47 milhões por temporada, vendendo todos os direitos de imagem para TV aberta, TV a cabo, pay-per-view, internet e celular. A venda casada destes pacotes foi condenada pelo CADE.

O Grêmio faz parte do 3º bloco de clubes por critério de audiência, ao lado do rival Inter, do Fluminense, Cruzeiro, Atlético mineiro e Botafogo. Se estes clubes, sobretudo o Inter, conseguir um contrato melhor com a Record (ou mesmo com Globo cobrindo proposta da Record), ficará muito mal para o presidente do Grêmio.

Paulo Odone, além de presidente do clube, é deputado estadual pelo PPS gaúcho (foi da base governista de Yeda Crusius), e muito ligado ao ex-governador Antonio Britto, que já foi funcionário da Globo e da RBS (Rede afiliada à Globo).

A RedeTV! ganhou a licitação do Clube dos 13, mas pelo rumo dos acontecimentos não deve levar, porque não tem o aval de todos os clubes. Resta a alternativa de tentar salvar, negociando o sublicenciamento com a Record ou a Globo, buscando o aval dos cartolas dos Clubes, contemplando os acertos financeiros individuais.

Pela lei em vigor (Lei Pelé), não adianta ter contrato com apenas um time, pois o outro pode vetar a transmissão do jogo, a não ser que receba seu quinhão. Por isso é possível que tudo o que foi fechado até agora tenha que ser repactuado ou acabe em disputa judicial.

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