quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A morte de Eduardo Campos e a repugnante apologia do ódio nas redes sociais

Palavras Diversas
A disputa política não pode ser cenário para a desumanização, quem hoje é adversário, foi, à pouco tempo, aliado


A divergência ou a disputa política não podem ser superiores ao bom sentido de humanidade que nos habita o espírito.

Após desastre que ceifou a vida de Eduardo Campos, candidato a presidência pelo PSB, o que se viu nas redes sociais foram chacotas com fundo político, xingamentos e desprezo ao fato central: um acidente tirou um homem, de apenas 49 anos, do convívio de seus familiares, amigos, colaboradores e simpatizantes de suas bandeiras.

Por outro lado, a rapidez com que analistas se encarregaram de pintar possíveis cenários eleitorais de curto prazo, em um momento que sequer os corpos foram encontrados e reconhecidos, nos mostra a frieza pavorosa daqueles que se precipitam a tecer comentários, muitas vezes sobrecarregados de desejos do que da realidade.

O que tem tornado parte da sociedade brasileira tão insensível e áspera com fatos tão dolorosos?

Por que disputas ideológicas se tornaram capazes de por em risco amizades, relações familiares e afastarem colegas de trabalho?

Quem tem plantado o ódio e o espalhado nas redes?

A intolerância não é um terreno propício para a democracia prosperar, pelo contrário, a põe sob risco iminente.

Artistas em carreiras decadentes, articulistas radicais conservadores e meios de comunicação irresponsáveis disseminam a cultura do ódio nas relações e discussões interpessoais como um protocolo básico da intransigência, da semeadura do medo e das aspirações de vingança.

Esta semana Roger Moreira, vocalista da banda Ultraje a Rigor, disparou grosserias via twitter contra Marcelo Rubens Paiva, além de ter tripudiado sobre a morte do pai do escritor, o deputado Rubens Paiva, durante a ditadura.

Este é um exemplo cristalino de como o ódio é difundido, de maneira natural, como argumento maior para condutas pequenas, nas redes sociais e como esta forma de agir é assimilada pelas pessoas comuns, como uma espécie de “etiqueta aceitável” dos dias atuais.

A roda da odiosidade gira e se espalha muito rapidamente.


A morte de Campos é uma tragédia nacional, que atinge em cheio seus familiares, mas parece que aqueles que se vestem de boçalidade até a alma, ignoram que, além das diferenças políticas, no meio disso tudo, deveria existir e poder se manifestar com vigor a humanidade que nos resta e ainda não foi perdida para a repugnante apologia à cólera banal.

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