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Em sintonia com a agenda política oposicionista liderada por Aécio Neves (PSDB-MG) visando a fazer uma CPI exclusivamente sobre a Petrobras, a revista Época desta semana publicou uma reportagem levantando suspeita de que pagamentos à consultoria "de fachada do doleiro Alberto Youssef", seriam para pagar propina a políticos e funcionários públicos.
Em um trecho, diz o texto: "Seguindo o caminho
do dinheiro de Youssef, a PF e uma possível CPI chegarão não apenas ao passado
da Petrobras, mas também ao presente. Em 19 de setembro de 2012, a Investminas,
do empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, conhecido como PP, depositou R$ 4,3
milhões na conta da MO Consultoria – empresa de fachada usada pelo doleiro
Youssef".
A Investminas Participações não tem nada a ver com
a Petrobras, mas tem tudo a ver com a Cemig (estatal mineira de
eletricidade). Isso não está na reportagem. É uma Sociedade de Propósito
Específico criada para construir e operar pequenas centrais hidrelétricas
(PCH). A única atividade empresarial da Investminas até 2012 foi uma
sociedade com a Cemig, constituindo a empresa Guanhães Energia
SA, conforme atesta uma relatório do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade). A sociedade na Guanhães Energia era 51% para a Investiminas e
49% para a Cemig.
Com as quatro PCH em sociedade com a Cemig ainda em
construção – portanto, ainda sem dar lucros –, a Investminas ganhou ao vender
sua participação de 51% para a Light, empresa também controlada pela Cemig,
pelo valor de R$ 26,586 milhões.
Segundo o balanço da Cemig, o patrimônio desta
participação era R$ 10,357 milhões. O ganho foi de R$ 16,2 milhões. Um ágio de
157%.
Nas notas explicativas do balanço, na página 22 a Cemig
justifica essa diferença como sendo o valor pela outorga das PCH, um bem
intangível (que não precisaria estar necessariamente contabilizado no balanço,
cuja avaliação depende da percepção de mercado). Ou seja, na prática houve uma
negociação direta entre as partes sobre este valor.
Essa sociedade com a Cemig foi o único negócio com
fins lucrativos realizado pela Investminas. A venda foi finalizada no dia 28 de
agosto de 2012. Três semanas depois, no dia 19 de setembro de 2012, a Investminas
pagou R$ 4,3 milhões à MO Consultoria, a suposta empresa de fachada do doleiro,
segundo a revista.
Se for seguir a pauta da revista Época, que considera o pagamento
como dinheiro suspeito de ser propina para políticos e funcionários, o caso da
Investminas levanta suspeitas relacionadas à Cemig, e não à Petrobras.
Causa mais estranheza a Cemig em vez de adquirir
diretamente da sócia e ficar com 100% da Guanhães, usar outra empresa
controlada, a Light, cuja área de atuação é no Rio de Janeiro, para comprar
pequenas usinas hidrelétricas situadas em Minas Gerais, sua área de atuação.
Se o alvo da reportagem era a Petrobras acabou
acertando a estatal controlada pelo governo de Minas, sob domínio tucano, o que
pode voltar-se contra os interesses políticos do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Por isso, enquanto o senador tucano defende uma CPI restrita à Petrobras, a
base governista defende uma CPI ampliada para investigar também outros
casos, como o cartel do Metrô e a própria Cemig. Ao que parece, não sem razão.
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