domingo, 31 de março de 2013

Golpe de 64 - Um triste episódio manchado com muito sangue que entrou para a História do Brasil




Há 49 anos, na madrugada do dia 1º de abril de 1964, os militares impulsionados por uma elite, que se julgava ameaçada pelas reformas que pulsavam nas ruas, tomaram o poder no Brasil e mergulharam o país em mais de duas décadas de uma ditadura civil-militar, que calou gerações, suprimindo liberdades, prendendo, torturando assassinando.

Hoje vivemos nossa jovem democracia, mas este período ainda influencia com sua cultura nossas polícias e os seus defensores querem disputar a história com suas versões onde tem justificar os seus crimes.

Portanto as forças democráticas, se unem não só para continuar denunciando as atrocidades cometidas pelo regime militar, mas também para cobrar a apuração de seus crimes de Estado, encobertos por uma absurda Lei de Anistia. O Brasil é o único país latino americano que não puniu os crimes de Estado praticados por sua ditadura.



TODO APOIO À COMISSÃO DA VERDADE!!

PELA DIVULGAÇÃO DOS NOMES DOS AGENTES E COLABORADORES DO REGIME MILITAR!

TODO APOIO AO MPF NA TENTATIVA DE PUNIR OS AUTORES DOS SEQUESTROS E OCULTAÇÃO DE CADÁVER DOS DESAPARECIDOS POLÍTICOS!


sábado, 30 de março de 2013

O Dia que durou 21 anos




Este documentário mostra a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. A ação militar que deu início a ditadura contou com a ativa participação de agências como CIA e a própria Casa Branca. Com documentos secretos e gravações originais da época, o filme mostra como os presidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson se organizaram para tirar o presidente João Goulart do poder e apoiar o governo do marechal Humberto Castelo Branco.



Globo quer silenciar Blogs





Por Luiz Carlos Azenha, do Viomundo

Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.

Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.

Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.

Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.

Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.

Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.

Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.

Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.

Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.

Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.

No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.

Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.

Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.

Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.

Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.

Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.

Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.

O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.

Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.

Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?

O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.

Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.

Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.

Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.

Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.

E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.

Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.

Eu os vejo por aí.

PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.

PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira.

terça-feira, 26 de março de 2013

Senador "mineiro" usa mais verba pública para ir ao Rio do que BH


Capital fluminense foi o destino de 63% das viagens de Aécio pagas pelo Senado


O senador Aébrio Never (PSDB-MG) deflagrou nova crise no Senado sobre passagens aéreas pagas com dinheiro público porque, em vez de usá-las para trabalho relacionado ao mandato, estaria usando para diversão, baladas e fins privados.


Levantamento publicado no jornal paulista "Estadão" mostra que 63% das viagens de Aécio bancadas pela verba para passagens aérea do Senado (portanto, com dinheiro público) foi para o Rio de Janeiro.

Só 27% das viagens foram para Minas Gerais, estado que ele deveria representar oficialmente, e o gasto teria justificativa.

A ideia de senadores ter passagens aéreas pagas com o dinheiro público, é para viajar a trabalho do mandato, como viajar a seus Estados e manter contato com os eleitores que ele representa. Ou então viajar a trabalho para algum evento que seja importante para o interesse público do Estado.

Essa verba não é para diversão, não é para passar os fins de semana nas baladas do Rio de Janeiro, abandonando Minas. Se quer se divertir, fazer turismo, badalar, viajar para fins privados, que pague com dinheiro de seu próprio bolso, em vez de meter a mão nos cofres públicos.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Golpe de 64 e os jornais da éPORCA - Mídia foi conivente


O golpe de 64 e a cumplicidade da grande mídia


Censura, perseguição, mortes...o Brasil viveu um período de "chumbo". Em 31 de março de 1964, os militares patrocinados pelos Estados Unidos da América deram o golpe contra o governo democrático de João Goulart. A Mídia de hoje apoiou o jogo sujo. Uma data para ser riscada da memória do Brasil.


Manchetes da Época e a Capa da Folha em apoio descarado ao Golpe



Regular o mercado de comunicação não é censura









"Regular, estabelecer regras para impedir monopólios e oligopólios, é necessidade básica no sistema capitalista. E, neste setor, o da Mídia, monopólios tendem a se perpetuar. Perpetuam-se porque estabelecem um movimento circular com a publicidade. Ambos se retroalimentam e mantém imutável esse ambiente."  _Bob Fernandes

quinta-feira, 21 de março de 2013

Inglaterra aprova novo marco regulatório da imprensa



Na Inglaterra, assim como na Argentina, o Marco Regulatório caminha, já no Brasil os Barões da Mídia insistem em dizer que é "censura? Estão com medo de quê? De perder o poder de persuasão e de deixarem de serem os "formadores de opinião"...

- Apenas algumas famílias não podem deter o Monopólio das comunicações - João Paulo Lamberg


Perda de Credibilidade:  QUEDA DA AUDIÊNCIA DO JN É ALERTA PARA A IMPRENSA


Nos meses de negociação interpartidária que se seguiram os conservadores propuseram um Ato Real para resolver a falta de base legal que o novo marco apresentaria. A proposta foi rechaçada por seus aliados no governo, os liberal-democratas, e pela oposição trabalhista e as vítimas de abusos da imprensa, reunidos em torno do grupo Hacked off. Na quinta-feira passada, o primeiro ministro David Cameron deu por finalizadas as negociações e convocou uma votação parlamentar para esta segunda-feira. Na última hora da noite de domingo, chegou-se a um acordo mediante um subterfúgio. As três partes apoiavam a promulgação de uma lei que estipula que um Ato Real só poderá ser revogado por dois terços da Câmara dos Lordes e dos Comuns. Assim, ambas as partes puderam reivindicar uma vitória política. A interrogação que fica é se este novo marco evitará novos abusos.

A auto-regulação da imprensa foi consagrada em 1953 como uma espécie de princípio democrático sagrado, mas foi questionada e examinada por sete comissões nas últimas décadas. A última delas, formada durante os escândalos familiares que sacudiram a família real (Princesa Diana, divórcios, etc.) no início dos anos 90, concluiu que era a última oportunidade para a auto-regulação da imprensa. O experimento falhou como ficou claro no escândalo das escutas telefônicas. O próprio David Cameron se viu obrigado a criar, em julho de 2011, uma nova comissão investigadora da imprensa depois que se revelou que o “News of the World” havia invadido o celular de uma adolescente desaparecida e surgiram em série denúncias similares de vítimas de violações familiares de soldados mortos no Afeganistão e Iraque ou qualquer outro tema que tenha despertado a atenção do olho midiático.

Desde o surgimento do primeiro caso, em 2005, - a escuta telefônica do príncipe William – 16 pessoas foram levadas a julgamento, entre elas a outrora número dois de Ruppert Murdoch, Rebekah Brooks, e o ex-chefe de imprensa do primeiro-ministro Cameron e ex-editor do dominical, David Coulson. O grupo Murdoch aceitou pagar indenizações em 254 casos e há mais de 250 processos iniciados, que incluem a esposa de Tony Blair, Cherie, e Ted Beckham, pai do jogador de futebol. Em fevereiro deste ano, seis diretores do “News of the World” foram presos e na quinta passada o escândalo se estendeu a outro grupo, o Trinity Mirror, com a prisão de Tina Weaver, ex-editora do “Sunday Mirror”, e outros três colegas seus. Nesta segunda-feira, um advogado das vítimas, Hugh Tomilson, disse ao Alto Tribunal de Londres que a polícia havia descoberto centenas de novos casos de escutas telefônicas.

Até aqui, o golpe mais duro atingiu Rupert Murdoch e a News Corporation, segundo grupo midiático do mundo. Murdoch teve que abandonar sua tentativa de obter o controle absoluto da cadeia BSkyB e prestou dois depoimentos no parlamento. Em maior do ano passado, a Comissão de Cultura, Meios de Comunicação e Esportes declarou que ele não era “uma pessoa com as condições requisitos” para estar a frente de uma companhia internacional. Embora o controle acionário da News Corporation (cerca de 39%) permita-lhe manter as rédeas do grupo, sua influência diminuiu. Nos últimos meses, abriu mão de um milhão de ações da empresa e seu filho James, até antes do escândalo considerado o herdeiro do grupo, renunciou no ano passado como diretor executivo da News International, o braço britânico da empresa, e como presidente da BSkyB.

James Murdoch declarou repetidamente que todo o escândalo das escutas se devia a “uma maçã podre”. O golpe letal para sua carreira e a de seu pai será se a investigação policial em curso determinar que um dos dois ou ambos conheciam e concordavam com uma prática de espionagem jornalística que era “vox populi” em ambientes da imprensa e que havia chegado à cultura popular das séries televisivas sobre o jornalismo.


Pátria Latina
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Quanto mais a mídia bate, mais cresce




Se você tivesse que formar sua opinião sobre o governo Dilma Rousseff através do que fica sabendo pela grande mídia, as informações que ela lhe deu sobre o Brasil ao longo dos primeiros três meses deste ano o induziriam a pensar que o país está no fundo do poço.

Afinal, só para ficarmos em 2013 podemos nos lembrar de que a dita “grande imprensa”, entre o muito de desolador que divulgou, “noticiou” que:

1 – O país estaria às portas de um racionamento de energia elétrica.

2 – Durante o governo Dilma a economia cresceu de forma medíocre, com “pibinho”.

3 – O governo não irá conseguir preparar o país para a Copa do Mundo do ano que vem.

4 – A inflação estaria fora de controle e prestes a explodir.

5 – Lula e Dilma “afundaram” a Petrobrás.

(…)

Por certo, leitor, você deve se lembrar de outras desgraças que a mídia diz que estariam prestes a se abater sobre o Brasil ou que já teriam se abatido. Vale a pena, inclusive, você dar a sua contribuição para a lista de desgraças anunciadas por essa mídia.

Diante da artilharia midiática contra os três governos petistas que o Brasil vem assistindo desde 2003, portanto, a cada pesquisa sobre a popularidade de Lula, antes, ou sobre a de Dilma, agora, causa surpresa que a popularidade deles nunca tenha caído.

Não foi diferente com a pesquisa CNI-Ibope publicada na última terça-feira; a aprovação pessoal de Dilma bateu novo recorde (79%) e a de seu governo, idem (63%).

A explicação mais óbvia é a de que os brasileiros não dão crédito ao que dizem grandes jornais, revistas, telejornais e portais de internet, sobretudo os ligados às famílias Marinho, Frias, Civita e Mesquita.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Revista destaca como a política de cotas criou oportunidades antes inimagináveis


Pela porta da frente

Rede Brasil Atual
Apoiada por 62% dos brasileiros, a política de cotas ampliou sete vezes a presença dos alunos pobres nas universidades e, portanto, a sua oportunidade de fazer parte de um país mais escolarizado


Poder voltar à escola e ter mais chances de conseguir um trabalho longe da rotina extenuante do canavial. Esse era o maior desejo de Agenor Custódio, que entre os 12 e 18 anos cortava cana em Mato Grosso do Sul. O que jamais imaginou esse brasileiro nascido numa comunidade indígena da etnia Terena, em Aquidauana, era que, aos 39 anos, se formaria em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Tampouco que viria a ter possibilidades de passar pela seleção do programa de mestrado na mesma instituição, qualificando-se a disputar, em condições de igualdade, uma boa vaga na área de audiovisual ou na carreira acadêmica. Localizada no interior paulista, a 230 quilômetros da capital, a UFSCar é uma das dez melhores do país, segundo indicadores de qualidade do Ministério da Educação.

Agenor sempre teve dificuldades para estudar. Na adolescência largou a escola para trabalhar. Aos 21 anos se matriculou no ensino médio, que só concluiu aos 28. Mesmo assim foi aprovado no vestibular de Turismo de uma universidade pública de seu estado. Estava no terceiro ano quando teve de parar por falta de dinheiro para alimentação, moradia e transporte. Mas o sonho não morreu. Em 2008 ingressou na UFSCar graças à cota para indígenas; neste mês de março vai colar grau. “De outra forma seria impossível entrar numa universidade pública, gratuita, prestigiada, poder estudar como estudei, pesquisar e ainda ter a chance no mestrado”, avalia.

Sua vizinha de república, Vanessa David de Campos, 23 anos, aluna de Engenharia de Produção, também tem grandes expectativas. Ingressou na UFSCar em 2008, beneficiada pelas cotas para negros. Além de estudar, desenvolve atividades de pesquisa num grupo que dá consultoria em ergonomia para grandes empresas. Vanessa atua ainda na divulgação científica por meio do teatro, o que lhe permitiu conhecer praticamente todo o país, e num coletivo de estudos africanos.

Negra e primeira da família a entrar na universidade, a futura engenheira nasceu e cresceu na periferia pobre de Taubaté (SP). Sempre estudou em escola pública e até o ensino médio acreditava que toda faculdade era paga. Por isso foi estudar modelação industrial no Senai para entrar mais cedo no mercado de trabalho. Fazia curso técnico junto com o colegial, era aprendiz numa indústria de autopeças e tinha aulas nos fins de semana num cursinho popular. Aos 18 anos, com dinheiro emprestado, viajou sozinha pela primeira vez para se matricular em São Carlos. Sem computador portátil e dinheiro que mal dava para xerox, enfrentou dificuldades. “Tive muitas desilusões. Embora não seja declarado, o racismo existe aqui também”, afirma.

Uma nova cultura

Ex-metalúrgico, o colega Edmar Neves da Silva, 21 anos, do terceiro semestre de Ciências Sociais, ingressou na faculdade por meio da cota para oriundos da escola pública. Cursou a primeira metade do ensino fundamental na rede municipal de Mogi-Guaçu (SP), depois seguiu na rede estadual até o ensino médio. “A formação foi muito ruim, em especial no colegial, quando praticamente não tive professor de História”, lembra o estudante, que sempre quis chegar ao ensino superior público, pela gratuidade e pela qualidade. 

O que o ajudou a suprir as falhas foi uma bolsa de um curso pré-vestibular particular que ganhou em 2010. Durante o dia trabalhava no controle de qualidade de uma fábrica e estudava à noite e também nos fins de semana. Dirigente do diretório acadêmico da UFSCar, Edmar é o segundo entre os familiares a entrar numa faculdade. A irmã mais velha cursou Administração com bolsa integral do Programa Universidade para Todos (ProUni) e agora faz pós-graduação em Marketing. Os pais não conseguiram terminar o ensino fundamental.


Uma minoria da população brasileira, que pôde pagar por bons colégios particulares para que seus filhos chegassem a cursos prestigiados das melhores universidades públicas, ainda se incomoda ao vê-los passar a dividir as salas de aula com negros, indígenas e estudantes pobres vindos da escola pública. São estudantes que, antes de as cotas começarem a ser adotadas, em 2004, dificilmente estariam ali. Mas é possível que esse incômodo seja diluído à medida que parte dessa elite passe a se conscientizar de que as boas escolas públicas são mantidas pelos impostos pagos por todos.

Há também casos como o da fisioterapeuta Silvia Martinez, que sempre pagou boa escola particular para a filha que, neste ano, ficou na lista de espera da Universidade de Brasília (UnB). “Se não houvesse vagas reservadas para as cotas, ela teria entrado na primeira. É uma mudança de mentalidade, talvez leve algumas gerações para ser culturalmente assimilada. Mas, por uma questão de justiça social, valerá a pena”, opina.


É uma visão que faz sentido. Um estudo dos pesquisadores Jacques Velloso e Claudete Batista Cardoso, da UnB – a primeira a adotar cotas para negros e pardos, em 2004 –, simulou as chances de ingresso de candidatos negros em processos seletivos no período entre 2004 e 2008 caso as cotas não existissem. Na maioria dos casos, as cotas mais que dobraram as probabilidades de ingresso 
desses candidatos.

Para completar, no final de agosto de 2012 a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.711, que disciplina o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. O prazo é de quatro anos para que essas instituições passem a reservar metade das vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Desse percentual, metade é para estudantes de famílias com renda de até 1,5 saláriomínimo per capita.  

Icaro foi o primeiro aluno a ingressar em Medicina da UFba por meio de cotas, formou-se em 2011. Hoje é médico do Programa saúde da Família da prefeitura de salvador: "Cotas só não é suficiente. Tem que melhorar a escola pública" (Foto: Paulo Pepe/RBA)

Adversidades 

Por meio da imprensa conservadora, os porta-vozes da classe social que o ex-governador paulista Cláudio Lembo batizou de “elite branca” empreenderam uma verdadeira cruzada. Espalhou-se uma visão enviesada, segundo a qual as cotas ferem o princípio da igualdade e do mérito acadêmico, são ineficazes já que o problema estaria na péssima qualidade do ensino básico público, e não na má distribuição de renda –, rebaixam o nível acadêmico, desfavorecem os brancos mais pobres em detrimento dos negros e prejudicam essa população ao estigmatizá-la como incompetente. Para completar, esses setores da imprensa tentavam fazer crer que a sociedade brasileira é contrária à política.

Todos esses mitos, porém, estão sendo derrubados. Em 2006 e 2008, pesquisas do instituto Datafolha indicavam, sem alarde, que mais de 80% da população aprovava as cotas. Em fevereiro passado, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma pesquisa do Ibope que mostra que 62% dos entrevistados (dois em cada três brasileiros) apoiam cotas em universidades públicas para alunos negros, pobres e estudantes da escola pública. A pesquisa foi realizada em todas as regiões brasileiras e constatou que é maior (77%) o apoio às cotas para os de baixa renda e/ou conforme a origem escolar dos pretendentes, seguido por 64% de aprovação às baseadas em critério de raça. A oposição é maior entre os entrevistados brancos, das classes A e B, moradores das capitais, em especial nas regiões Norte e Centro-Oeste. E menor entre os estudaram da 5ª à 8ª série, emergentes da classe C, nordestinos e moradores do interior. Segundo o jornal, os que buscam ascensão social e econômica são mais simpáticos a políticas que aumentem suas chances de chegar à faculdade. A pesquisa mostra que, em todas as camadas sociais, o apoio é maior que a contrariedade.

O recado da pesquisa é claro: está aprovado o mecanismo que permitiu aumentar a presença de populações excluídas nas universidades. “De 2004 a 2011, a proporção de pessoas pertencentes à faixa de menor renda aumentou sua presença no ensino superior, passando de 0,6% para 4,2%. No mesmo período, a inserção dos pretos saltou de 5% para 8,8% e dos pardos, de 5,6% para 11%”, diz o professor e pesquisador João Feres Júnior, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)


População esclarecida

Na avaliação de frei David Raimundo dos Santos, diretor da ONG Educação e Cidadania de Afrodescendentes (Educafro), a aprovação das cotas é fruto do entendimento dos argumentos sólidos dos defensores da medida. “Com humildade, sabedoria e vigor, essas pessoas levaram esclarecimento à opinião pública, o que não aconteceu com os críticos que apareceram em 90% de todas as reportagens contrárias publicadas nesses 10 anos”, diz. “Quando a imprensa aprofundar o debate de maneira responsável, a tendência é a aprovação aumentar ainda mais.”



Entre os que não apoiavam as cotas e mudaram de ideia está o juiz federal William Douglas, do Rio de Janeiro. A princípio contrário à reserva para negros, ele passou a defender o aperfeiçoamento das ações afirmativas. Branco, filho de pai lavrador e mãe operária, enfrentou dificuldades para chegar aonde chegou, mas não acredita mais na exigência do que chama de heroísmo. 

“Minha filha estuda em colégio caro, onde nada falta, com professores bem pagos e ótima estrutura. O mesmo não acontece com a maioria das crianças pobres, que estudam em escolas sem professores, carteiras ou banheiros. Não é justo nem honesto que todos sejam exigidos da mesma forma na hora de ingressar na universidade”, diz.Entre os que não apoiavam as cotas e mudaram de ideia está o juiz federal William

Como lembra frei David, há cotas apenas para o ingresso. A permanência e a conclusão são por conta do aluno. E, com o mesmo nível de exigência durante o curso, os cotistas têm demonstrado capacidade de superar as deficiências do ensino básico e render igual ou melhor que não cotistas. Em 2008, foi constatado na que o desempenho acadêmico dos cotistas negros era de 6,41 e daqueles das escolas públicas 6,56, acima do 6,37 dos não cotistas. Além disso, a taxa de conclusão dos cursos era maior.

Dados semelhantes foram encontrados na Universidade Estadual de Campinas. Embora as estaduais paulistas não adotem sistema de cotas, a Unicamp tem um programa que concede pontos adicionais na nota do vestibular dos egressos da rede pública. A comissão permanente para o vestibular constatou que a nota média desses alunos beneficiados foi mais alta que a dos demais.

Outra resposta ao discurso de que a política de cotas seria demagógica e os beneficiados abandonariam o curso vem de um estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A maioria dos cotistas já tinha cumprido a maior parte dos créditos das disciplinas e o desempenho estava entre os mais altos em cursos como Matemática, Física, Engenharia Elétrica, Ciências Biológicas, Odontologia, Farmácia, Filosofia, Comunicação, Nutrição, Psicologia e Direito. Os cotistas também estiveram menos sujeitos a reprovação por faltas.
Primeiro aluno a ingressar na UFBA por meio de cotas, Icaro Vidal formou-se em Medicina em 2011. Negro e oriundo da escola pública, viu graduarem-se inúmeros “grupinhos” de estudantes brancos, formados nas melhores escolas particulares de Salvador. Nunca fez parte de nenhum deles, tampouco sentiu na pele preconceito por ser cotista. Mas sabe que existia, de forma velada. Médico do Programa de Saúde da Família da Prefeitura de Salvador e servidor estadual num instituto de criminalística, Icaro agora torce pela educação brasileira. “As cotas facilitam a entrada na faculdade, mas isso não é tudo. É preciso melhorar a escola pública. Atendo adultos e crianças de 12 anos que não sabem ler nem escrever.”

Escola pública
Edmar cursa o terceiro semestre de Ciências Sociais na UFSCar. Fez todo o ensino fundamental e médio em escola pública: “A formação foi muito ruim, em especial no colegial, quando praticamente não tive professor de História”. O que o ajudou a suprir as falhas foi uma bolsa de um curso pré-vestibular particular que ganhou em 2010. Durante o dia trabalhava no controle de qualidade de uma fábrica, estudava à noite e também nos fins de semana Não basta Icaro foi o primeiro aluno a ingressar em Medicina da UFBA por meio de cotas e se formou em 2011. Hoje é médico do Programa Saúde da Família da Prefeitura de Salvador: “As cotas facilitaram minha entrada na faculdade, mas isso não é suficiente, é preciso melhorar a escola pública. Atendo adultos e crianças de 12 anos que não sabem ler nem escrever.”

terça-feira, 19 de março de 2013

“LUGAR DE LADRÃO É NA CADEIA”, DIZ ROMÁRIO SOBRE MARÍN


Fazendo Média


O deputado Romário (PSB-RJ) voltou a mirar sua bateria contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marín. Após defender a instalação da CPI do Futebol em discurso realizado na tribuna da Câmara, o parlamentar do PSB disparou contra o comandante da entidade máxima do futebol brasileiro. No terceiro ano de mandato, Romário assumiu a presidência da Comissão de Turismo e Desporto (CTD) da Câmara no dia 6.

“Ele é ladrão, a gente sabe que ele roubou uma medalha, o último roubo dele foi de energia do seu vizinho. Então uma pessoa dessa não tem condições psicológicas de comandar uma instituição que é a CBF, principalmente em anos tão importantes como este da Copa das Confederações e próximo ano da Copa do Mundo”, afirmou Romário, em entrevista após discurso na tribuna.

Romário se referiu a dois episódios recentes de Marín. O primeiro foi na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, no ano passado, quando câmeras de televisão flagraram o então vice-presidente da CBF colocando uma das medalhas da premiação no bolso. O mais recente é um “gato” do atual presidente da CBF, consumindo energia elétrica de um vizinho de forma ilegal, de acordo com matéria do jornal Folha de S. Paulo.

A reação de Romário contra Marín se deve muito à declarações do presidente da CBF há duas semanas. Em programa de entrevistas na Rede TV, ele considerou o hoje deputado e ex-craque do futebol brasileiro como uma “decepção” como político. “Excelente campeão do mundo, mérito como jogador, mas como político, não… Política se faz construindo, não destruindo. Ele emprega a desagregação”, disse.

Após ter sido eleito para a CTD, Romário disparou contra Marín. Na última segunda-feira (11), porém, elevou o tom. Além de dizer que “lugar de ladrão é na cadeia”, afirmou que a administração da entidade piorou.



Sobre a CPI da CBF

Romário conseguiu assinaturas suficientes no ano passado e disse que vai procurar o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para tentar instalar a comissão. Ele conseguiu o apoio de 188 deputados, 17 a mais que o necessário. Antes de ser instalada, a CPI entra em uma fila. Atualmente, existem outras nove na frente.

“A gente está num momento bem importante pro nosso país e o Brasil tem que saber exatamente as coisas que passaram, que passam, e que irão passar dentro da CBF, principalmente no que se refere à organização da CBF em si e seus patrocinadores, seus contratos, que infelizmente ninguém tem noção do que realmente acontece lá dentro”, explicou.

Feliciano e a desonestidade intelectual


Carta Capital


"O pastor Marco Feliciano completará na próxima quinta-feira duas semanas à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Até o momento não deu qualquer sinal de que entende, ou pretende entender, o que afinal significam direitos humanos ou direitos das minorias.

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Falta alguém explicar ao pastor, possivelmente com um vídeo mais didático, que um líder na Câmara, de qualquer comissão, pode ser cristão, judeu, budista, agnóstico. Só não pode ser desonesto. E desonestidade não é só empregar no gabinete funcionário fantasma. Ou ser acusado de estelionato. Ou reclamar quando algum fiel de boa fé entrega um cartão de crédito sem a senha. A desonestidade intelectual é a mais danosa das agressões praticadas por quem tenta criminalizar grupos vulneráveis com sofismas e trilha sonora de terror. Nada pode ser mais sintomático sobre as bandeiras representadas pelo deputado – longe, muito longe da paz e a unidade tão clamadas na Bíblia sobre a qual Feliciano se senta para espalhar o ódio e o apelo à exclusão."

RINHA TUCANA: FHC E AÉCIO QUEREM SERRA FORA DO PSDB





Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem defendido que, se for para Serra optar por outro caminho, que o faça agora; senador Aécio Neves (PSDB-MG) também afirma que tucanos não devem esperar por definição da tropa serrista; recado foi transmitido por meio da coluna da jornalista Sonia Racy, do Estado de S. Paulo;  a outra colunista do Estadão, Dora Kramer, Roberto Freire confirma ter feito um convite a Serra para que integre as fileiras do PPS; tucanos estão a um passo de uma cisão histórica

quarta-feira, 13 de março de 2013

Aécio defende o lucro dos acionistas, não os interesses do povo




No início do ano, o governo federal assumiu o compromisso de baixar a tarifa da conta de luz. Como não podia deixar de ser, o PSDB, que controla as concessionárias de energia do Paraná (COPEL), São Paulo (CESP) e Minas Gerais (CEMIG), se opôs à medida. O senador tucano Aécio Neves foi o maior opositor, anunciou que a redução tarifária acabaria com a capacidade de investimento das concessionárias, declarou também que a CEMIG se tornaria insolvente e diversas outras bravatas.

Pois bem, nada como a realidade para acabar com o discurso do senador cambaleante. No dia 05 de março, o jornal "Hoje em Dia" publicou que a CEMIG resolveu pagar R$ 1 bilhão aos acionistas e, a partir de abril, a tarifa para consumidores residenciais subirá 9,06%. Bom demais para uma concessionárias "insolvente", não?

Fontes:
http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/cemig-paga-r-1-bilh-o-aos-acionistas-e-tarifa-vai-subir-1.97622

http://br.reuters.com/article/businessNews/idBRSPE8AE00Q20121115

http://www.senado.gov.br/noticias/opiniaopublica/inc/senamidia/notSenamidia.asp?ud=20121112&datNoticia=20121112&codNoticia=776936&nomeOrgao&nomeJornal=Valor+Econômico&codOrgao=47&tipPagina=1

http://www1.folha.uol.com.br/poder/1195873-aecio-critica-dilma-apos-tucanos-defenderem-sua-candidatura-em-2014.shtml

terça-feira, 5 de março de 2013

Morre o homem, ficam os ideais...


Por uma América Latina Unida e Soberana


28 de Julho de 1954 - 5 de Março de 2013



Patriota diz que Chávez deixa marca da liderança e da integração regional











Alagamentos - Descaso desde 1911


Olha qual era a capa desse jornal carioca em Abril de 1911! Mais de cem anos depois a situação é muito parecida. Crescimento desordenado, paradigma do asfalto, ausência de saneamento e lixo nas ruas são os causadores das tradicionais enchentes de fim de verão. É espantoso e inadmissível que nenhuma administração municipal tenha se mobilizado para resolver a questão. (Indicado pelo Amigo Rafael Rezende)





Legenda abaixo da charge:

"Bento Ribeiro: - Uma calamidade! Mas, você sabe, a Prefeitura não está em condições de, sozinha, metter mãos à obra para evitar as inundações da cidade...

Seabra:- De acordo. E como se trata da capital da Republica, não é demais que o ministério da Viação secunde o esforço do município, como aconteceu no governo de Rodrigues Alves. Mãos à obra!

Zé Povo:- Ora graças, que, afinal, ouço palavras animadoras! É uma vergonha que, tendo-se melhorado e transformado a cidade do Rio de Janeiro, ela continue a ser vítima de pavorosas inundações, que interrompem o trafego e o transito por longo tempo, que fazem ruir casas e casebres, que causam enormes prejuízos e mortes! A união faz a força! Eu espero que a Prefeitura e o ministério da Viação, reunidos, acabem com este espetáculo contristador e deprimente, que depois de me prejudicar tanto e roubar a vida dos meus semelhantes, faz ir por água abaixo a fama da nossa engenharia e até o bom nome do Brasil entre as nações progressistas!"

Rio de Janeiro, 1911.

Origem: Revista O Malho, n° 446. Coleção Plínio Doyle pertencente ao Acervo da Casa de Rui Barbosa.

Fonte: http://riocidadesubmersa.blogspot.com.br/

sexta-feira, 1 de março de 2013

Entidades organizam lei popular e protestos por democratização da mídia




Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação irá elaborar projeto de lei de iniciativa popular para regulamentação da mídia



Rede Brasil Atual

Após o governo ter descartado a possibilidade de firmar o marco regulatório das comunicações antes das eleições presidenciais de 2014, as entidades que integram o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação afirmam que desistiram de pressionar a presidenta Dilma e que passaram a elaborar um projeto de lei de iniciativa popular. Pedro Echmann, coordenador do Instituto Intervozes, explica que a meta é coletar 1,6 milhão de assinaturas.

“Vamos construir um projeto de lei e tentar coletar assinaturas nas ruas, já que ficou muito claro que isso (a regulação da mídia) não é uma preocupação do governo. O Congresso, ao se debruçar sobre o projeto de lei, vai ter de pensar duas vezes antes de  'jogar o assunto para debaixo do tapete' como tem sido feito. O apelo popular dessa vez será maior”, disse à Rádio Brasil Atual.

Na semana passada, o secretário-executivo do Ministério das Comunicações afirmou que não haverá mais discussões sobre o tema até o fim do primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff. O representante do governo federal ressaltou que apenas questões relativas à radiodifusão pública e às rádios comunitárias serão debatidas.

Para Altamiro Borges, do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, a decisão do ministério de não instituir consulta pública sobre o marco regulatório representa um retrocesso para os meios de comunicação no país. “Não tem projeto, não tem consulta, e o Brasil continua atrasado. É o país mais atrasado da América Latina na regulamentação da comunicação e estamos atrás dos EUA e da Europa.”

Para conclamar os ativistas e inteirar o público sobre a causa, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC irá realizar um ato público como parte dos eventos do 1º de Maio, que terá como tema deste ano a defesa da democratização dos meios de comunicação. O diretor de comunicação daquele sindicato, Walter Sanches, ressalta que é preciso sensibilizar a população para o assunto.

Para Sanches, a mídia, no Brasil principalmente, é muito elitista e o cidadão comum, juntamente com os movimentos sociais, não têm acesso aos seus próprios meios de comunicação. "Precisamos mostrar à população que o assunto é do interesse dela também. Queremos que mais gente possa falar, que mais gente tenha o direito à palavra e à imagem.”

De acordo com as entidades, o projeto popular ficará pronto até maio, e, a partir daí, será feita a coleta de assinaturas.

A Lógica da Direita Reacionária




É bem assim que a mídia pensa:

PIG defendendo a privatização da Petrobras: http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/11/por-que-privatizar-petrobras.html

PIG explicando o prejuízo da VALE:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1237680-lucro-da-vale-e-43-menor-em-2012-do-que-no-ano-anterior.shtml

QUEDA DA AUDIÊNCIA DO JN É ALERTA PARA A IMPRENSA




Análise do jornalista e professor Carlos Castilho, publicada no site Observatório da Imprensa, diz que a baixa audiência do Jornal Nacional, da TV Globo, não pode ser atribuída à estrutura técnica da emissora, que continua usando o que há de mais moderno em matéria de tecnologia; uma hipótese é a migração dos públicos A e B para os canais fechados de notícias

1 DE MARÇO DE 2013

Por Carlos Castilho, do portal Observatório da Imprensa

Nos anos 1970 e 80, o Jornal Nacional da TV Globo se orgulhava de ter uma média de 80% de audiência. Oscilava entre o primeiro e o segundo lugar no ranking de popularidade junto ao público da emissora. Hoje, o JN patina nos 27% de audiência e está no quinto lugar na lista dos programas mais vistos na Globo(1),atrás até mesmo, do pouco expressivo seriado Pé na Cova. [Dados de audiência publicados pelo suplemento "TV Show", do jornal Diário Catarinense, do grupo RBS, afiliada da Rede Globo, em 24/2/2013.]

Esta brutal mudança de status não pode ser atribuída a alguma defasagem técnica ou concorrência de outro telejornal. A Globo continua usando o que há de mais moderno em matéria de tecnologia, mantém o maior e mais bem pago plantel de jornalistas da TV brasileira e nenhuma outra emissora consegue bater a Vênus Platinada em matéria de coberturas internacionais, de temas políticos ou econômicos, e na mobilidade das equipes de reportagem. Só enfrenta alguma concorrência da TV Record na cobertura de crimes, tragédias e escândalos sociais.

Pode-se alegar que a concorrência do canal fechado Globo News – e seus similares na Band e Record – tenha levado os públicos A e B para um nicho informativo mais exclusivo, deixando a TV aberta como um reduto das classes C e D , supostamente menos interessadas em jornalismo. Mas acontece que tanto o Jornal Nacional como os seus similares na TV paga seguem estritamente o mesmo modelo jornalístico, a mesma fórmula para lidar com a audiência.

A explicação para a perda de audiência do Jornal Nacional está fora da emissora. Está nos quase 150 milhões de brasileiros que todas as noites ligam a TV. Este público perdeu a atração quase mística pelo noticiário na televisão, como acontecia entre os anos 1970 a 90, passando para um posicionamento desconfiado, distante e cético. A narrativa telejornalística deixou de ser discursiva para ganhar ares menos ufanistas, menos formalista e mais próxima da realidade, mas nem isso fez com que o telespectador baixasse a guarda.

Esse comportamento não é exclusivo do telespectador, pois também o leitor de jornais e de revistas é, sobretudo, um cético quando se trata de avaliar publicações. Em qualquer conversa sobre o noticiário impresso ou audiovisual, o número de críticas sempre supera – por larga margem – a quantidade de elogios.

Há 20 ou 30 anos, as pessoas discutiam os fatos, dados e eventos noticiados na TV e nos jornais. Hoje, o leitor e o telespectador se mostram mais preocupados em identificar quem está por trás da notícia, quem são os beneficiários e os prejudicados. Ao longo dos anos, o público, de maneira geral, começou a perceber que os entrevistados e protagonistas do noticiário estavam mais preocupados com sua imagem pessoal do que com a informação. Que os eventos cobertos estavam ligados a interesses políticos, comerciais ou econômicos.

Como a imprensa raras vezes questionou esse tipo de comportamento, as pessoas assumiram, consciente e inconscientemente, que era necessário ter um pé atrás ao receber a sua dose diária da realidade filtrada pelas redações. A sofisticação crescente do marketing pessoal, social, político e corporativo torna inevitável que celebridades, parlamentares, governantes e executivos tentem projetar para o público percepções que lhes sejam favoráveis. Pode ser eticamente nebuloso, mas é a regra do jogo.

O erro está no papel da imprensa, que em vez de questionar esse tipo de postura marqueteira, ou pelo menos identificar os interesses ocultos, simplesmente passou a publicar tudo o que recebia como informação, desde que fosse fornecido por fontes respeitáveis. A confiabilidade de dados e fatos deixou de estar atrelada a uma checagem jornalística para ficar pendente do status da fonte. Os jornais, revistas e telejornais se preocuparam mais com os formadores de opinião e tomadores de decisões do que com o público, que foi aos poucos perdendo a confiança naquilo que lhe era oferecido como sendo a verdade dos fatos.

A imprensa está pagando caro por esse erro estratégico porque a crise no modelo de negócios provocada pelas novas tecnologias de comunicação e informação fez com que ela se tornasse mais dependente do consumidor de notícias, justo no momento em que cresce o ceticismo e desconfiança do público em relação ao noticiário corrente. Ceticismo que assume proporções endêmicas no público jovem, com menos de 35 anos e que em breve estará na liderança dos governos, das organizações sociais e das empresas.

A solução para esse problema não está em tecnologias mais sofisticadas, mas na revisão das estratégias editoriais que priorizam os interesses das fontes e das empresas jornalísticas. O jornalismo tem no seu DNA a prestação de serviços ao público, e é aí que ele pode encontrar novas fórmulas de relacionamento com leitores, ouvintes, telespectadores e internautas.

Trata-se de uma escolha histórica porque, se ela não for feita, corremos o risco de desperdiçar toda a experiência e sabedoria de várias gerações de jornalistas que têm muito a transmitir para os novos profissionais e amadores. Estes inevitavelmente vão mudar a imprensa porque já nasceram com um chip digital embutido em sua cultura informativa. Mas também inevitavelmente passarão por muitas decepções e revezes porque a experiência é única e insubstituível.

Se as atuais empresas jornalísticas ignorarem o público como seu parceiro para continuar a vê-lo apenas como comprador de notícias, elas não sobreviverão e serão substituídas por outras. O preço a ser pago é o desperdício de quantidades imensas de informação acumuladas ao longo dos anos e que podem virar sucata junto com marcas jornalísticas centenárias.

http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/95022/Queda-da-audi%C3%AAncia-do-JN-%C3%A9-alerta-para-a-imprensa.htm