sexta-feira, 30 de março de 2012

A mídia e o golpe militar de 1964

Por Altamiro Borges

Domingo, 1º de abril, marca os 48 anos do fatídico golpe civil-militar de 1964. Na época, o imperialismo estadunidense, os latifundiários e parte da burguesia nativa derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart. Naquela época, a imprensa teve papel destacado nos preparativos do golpe. Na sequência, muitos jornalões continuaram apoiando a ditadura, as suas torturas e assassinatos. Outros engoliram o seu próprio veneno, sofrendo censura e perseguições.
Nesta triste data da história brasileira, vale à pena recordar os editoriais dos jornais burgueses – que clamaram pelo golpe, aplaudiram a instalação da ditadura militar e elogiaram a sua violência contra os democratas. No passado, os militares foram acionados para defender os saqueadores da nação. Hoje, esse papel é desempenhado pela mídia privada, que continua orquestrando golpes contra a democracia. Daí a importância de relembrar sempre os seus editorais da época:

O golpismo do jornal O Globo

“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais”. O Globo, 2 de abril de 1964.

“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada..., atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... As Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal. O Globo, 2 de abril de 1964.

“Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos... Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada”. O Globo, 4 de abril de 1964.

“A revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista”. O Globo, 5 de abril de 1964.

Conluio dos jornais golpistas

“Minas desta vez está conosco... Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições”. O Estado de S.Paulo, 1º de abril de 1964.

“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu”. Tribuna da Imprensa, 2 de abril de 1964.

“Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.

“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.

“Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la”. Jornal do Brasil, 6 de abril de 1964.

“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade”. O Estado de Minas, 2 de abril de 1964.

“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento”. O Dia, 2 de abril de 1964.

“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil”. O Povo, 3 de abril de 1964.

“Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve”. Correio Braziliense, 16 de abril de 1964.

Apoio à ditadura sanguinária

“Um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social – realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama”. Folha de S.Paulo, 22 de setembro de 1971.

“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o país, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”. Jornal do Brasil, 31 de março de 1973.

“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. Editorial de Roberto Marinho, O Globo, 7 de outubro de 1984.

quarta-feira, 28 de março de 2012

O golpe, a ditadura e a direita brasileira

Carta Maior (Emir Sader)


O golpe e a ditadura foram a desembocadura natural da direita brasileira – partidos e órgãos da mídia, além de entidades empresariais e religiosas. A direita brasileira aderiu, em bloco, ao campo norteamericano durante a guerra fria, adotando a visão de que o conflito central no mundo se dava entre “democracia”(a liberal, naturalmente) e o comunismo (sob a categoria geral de “totalitarismo”, para tentar fazer com que aparecesse como da mesma família do nazismo e do fascismo).

Com esse arsenal, se diabolizava todo o campo popular: as políticas de desenvolvimento econômico, de distribuição de renda (centradas nos aumentos do salário mínimo), de reforma agrária, de limitação do envio dos lucros das grandes empresas transnacionais para o exterior, como políticas “comunizantes”, que atentavam contra “ a liberdade”, juntando liberdades individuais com as liberdades das empresas para fazer circular seus capitais como bem entendessem.

A direita brasileira nunca – até hoje – se refez da derrota sofrida com a vitória de Getúlio em 1930, com a construção do Estado nacional, o projeto de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, o fortalecimento do movimento sindical e da ideologia nacional e popular que acompanhou essas iniciativas. Foi uma direita sempre anti-getulista, anti-estatal, anti-sindical, anti-nacional e anti-popular.

Getúlio era o seu diabo – assim como agora Lula ocupa esse papel -, quem representava a derrota da burguesia paulista, da economia exportadora, das oligarquias que haviam governado o país excluindo o povo durante décadas. A direita foi golpista desde 1930, começando pelo movimento – chamado por Lula de golpista, de contrarrevolução – de 1932, que até hoje norteia a direita paulista, com seu racismo, seu separatismo, seu sentimento profundamente antipopular.

A direita caracterizou-se pelo chamado aos quarteis quando perdiam eleições -e perderam sempre, em 1945, em 1950, em 1955, ganharam e perderam com o Jânio em 1960 – pedindo para “salvar a democracia”, intervindo militarmente com golpes. Seu ídolo era o golpista Carlos Lacerda. Esse era o tom da mídia –Globo, Folha, Estadão, etc., etc.

Era normal então que a direita apoiasse, de forma totalmente unificada, o golpe militar. Vale a pena dar uma olhada no tom dos editoriais e da cobertura desses órgãos no período prévio ao golpe a forma como saudaram a vitória dos militares. Cantavam tudo como um “movimento democrático”, que resgatava a liberdade contra as ameaças do “comunismo” e da “subversão”. 

Aplaudiram as intervenções nos sindicatos, nas entidades estudantis, no Parlamento, no Judiciário, foram coniventes com as versões mentirosas da ditadura e seus órgãos repressivos sobre como se davam as mortes dos militantes da resistência democrática.

Por isso a cada primeiro de abril a mídia não tem coragem de recordar suas manchetes, seus editoriais, sua participação na campanha que desembocou no golpe. Porque esse mesmo espírito segue orientando a direita brasileira – e seus órgãos da mídia -, quando veem que a massa do povo apoia o governo (O desespero da UDN chegou a levar que ela propusesse o voto qualitativo, em que o voto de um engenheiro valesse muito mais do que o voto de um operário.). Desenvolvem a tese de que os direitos sociais reconhecidos pelo governo são formas de “comprar” a consciência do povo com “migalhas”.

Prega a ruptura democrática, quando se dá conta que as forças progressistas têm maioria no país. Não elegem presidentes do Brasil desde 1998, isto é, há 14 anos e tem pouca esperança de que possam vir a eleger seus candidatos no futuro. Por isso buscam enfraquecer o Estado, o governo, as forças do campo popular, a ideologia nacional, democrática e popular.

É uma direita herdeira e viúva de Washington Luis (e do seu continuador FHC, ambos cariocas de nascimento adotados pela burguesia paulista) e inimiga feroz do Getúlio e do Lula. (Como recordou Lula em São Paulo não ha nenhum espaço público importante com o nome do maior estadista brasileiro do século passado, o Getúlio, e tantos lugares importantes com o nome do Washington Luis e do 9 de julho).

É uma direita golpista, elitista, racista, que assume a continuidade da velha república, de 1932, do golpe de 1964 e do neoliberalismo de FHC

Serra, outra vez candidato, tentará uma nova estratégia

quinta-feira, 22 de março de 2012

Mais de 40 milhões entraram na classe C em sete anos

Portal R7


O número de brasileiros que ascenderam à classe C chegou a 40,3 milhões entre 2005 e 2011. Com isso, a classe C, em sete anos, passou de 34% para 54% da população, de acordo com o estudo O Observador Brasil 2012, divulgado nesta quinta-feira pela Cetelem BGN, empresa do grupo BNP Paribas. Em 2005, a classe C tinha 62.702.248 brasileiros. No ano passado, esse número havia subido para 103.054.685. Em 2010, eram 101.651.803 – ou 53% da população.
O estudo, desenvolvido pela Cetelem BGN em parceria com a Ipsos Public Affairs, mostra que em 2011 as classes A e B representavam, juntas, 22% do total da população e as classes D e E somavam 24%.
De acordo com a pesquisa, a renda média familiar da classe C passou de R$ 1.107 em 2005 para R$ 1.450 em 2011 – crescimento de 30,9%. Já a renda média familiar geral da população passou de R$ 974 para R$ 1.618 – aumento de 66,1%.
De 2010 para 2011 o aumento da renda média familiar geral foi impulsionada pela classe C, única faixa da população em que foi observado crescimento. A renda dos integrantes da classe C passou de R$ 1.338 para R$ 1.450. Nas classes A e B, a renda média familiar caiu de R$ 2.983 para R$ 2.907. Nas classes D e E, o valor baixou de R$ 809 para R$ 792.

MP investigará repasses do governo de Minas para rádio de Aécio Neves

Propriedade da emissora por parte de Aécio veio a público quando senador teve a CNH apreendida.



O Ministério Público Estadual (MPE) de Minas Gerais instaurou inquérito civil para investigar repasses feitos pelo governo do Estado à Rádio Arco-Íris entre 2003 e 2010, época em que o tucano comandou o Executivo mineiro. Além de Aécio, também consta no inquérito civil MPMG-0024.12.001113-5, o nome de sua irmã, Andrea Neves, atual presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) e coordenadora do Núcleo Gestor de Comunicação Social do governo, responsável pelo controle do gasto com comunicação, inclusive a publicidade oficial, durante a gestão do irmão. 

A propriedade da rádio por parte de Aécio e Andrea veio a público em abril do ano passado, quando o senador teve a carteira de habilitação - vencida - apreendida e foi multado em R$ 1.149,24 após se recusar a fazer o teste do bafômetro ao ser parado em uma blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro. Ele dirigia o Land Rover placas HMA-1003, comprado em novembro de 2010 em nome da emissora, que detém uma franquia da Rádio Jovem Pan FM em Belo Horizonte.
Na ocasião, o governo confirmou que havia feito repasses à emissora em 2010, mas afirmou que os pagamentos foram legítimos. O caso levou a oposição ao Executivo tucano na Assembleia Legislativa de Minas a tentar, sem sucesso, criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Agora, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MPE vai apurar se foram repassadas verbas públicas á rádio também nos outros anos em que Aécio esteve à frente do governo e os critérios usados para a liberação dos recursos. O inquérito foi instaurado na sexta-feira, 16, após o órgão receber, em fevereiro, nova representação contra Aécio e Andrea.
No período em que o atual senador comandou o Executivo mineiro, as despesas de órgãos da administração direta com "divulgação governamental" chegaram a R$ 489,6 milhões, segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira de Minas Gerais (Siafi-MG), valor que ultrapassa R$ 815 milhões quando incluídos gastos de empresas, fundações e autarquias controladas pelo Executivo. Além da Rádio Arco Íris, o MPE também vai investigar se as empresas Editora Gazeta de São João del Rei Ltda. e a Rádio São João del Rei S/A, que têm Andrea como sócia, receberam recursos do governo durante a gestão do irmão. Ela é cotada entre lideranças tucanas de Minas para disputar o governo do Estado em 2014 pelo PSDB.
Aécio se tornou sócio da Rádio Arco Íris, que já era dirigida pela atual presidente do Servas, em dezembro de 2010, dois meses após ser eleito para o Senado. A assessoria do tucano informou que sua mãe, Inês Maria, comprou parte das cotas de Andrea e as repassou ao filho. O Land Rover é um dos 12 veículos registrados em nome da emissora, que está registrada com capital social de R$ 200 mil e faturou R$ 5 milhões em 2010. Inês Maria já tinha participação na rádio quando Aécio entrou na sociedade.
Por meio de nota, a assessoria do senador informou que os responsáveis pela representação - deputados estaduais Sávio Souza Cruz e Rogério Correia, líderes, respectivamente, do PMDB e do PT na Assembleia de Minas - são os mesmo que entraram com "ação idêntica" em 2011 e que a iniciativa tem "caráter político". A nota ressalta que o grupo técnico presidido por Andrea tinha função "meramente consultiva" e que o MPE já arquivou um procedimento sobre o assunto em julho do ano passado ao "considerar a regularidade de todos os procedimentos adotados", conforme documentos entregues ao órgão. O texto diz ainda que a rádio não recebeu patrocínios do governo durante a gestão de Aécio e que obteve "o mesmo número de inserções comerciais realizadas em mais de 300 emissoras" do Estado.




quarta-feira, 21 de março de 2012

"Pra você não ver que o programado é você!"



A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que é pra você não ver que o programado é você! 
(Gabriel O Pensador)

Extrema-direita do Mackenzie protesta contra a democracia



Um verdadeiro absurdo esse ato. Como vamos progredir democraticamente se certos setores da sociedade não sabem conviver com as diferenças e não aceitam que outros tenham a mesma oportunidade. 

"Enem, não, Mackenzie é tradição" 

terça-feira, 20 de março de 2012

O mau eleitor é tão culpado quanto eles.


Uns dizem que não entendem nada de política e que não querem entender
.
Há os que não apuram e nem avaliam as informações ditas, seja durante a campanha ou nos noticiários. Não sabem se a fonte têm credibilidade ou não, ou se as informações são verídicas ou factóides.


Tempos de Indiferença - Soluções machadianas em tempos de indiferença

Fernando Filgueiras 
“Variam os comentários. Uns querem ver nisto indiferença pública, outros descrença, outros abstenção. No que todos estão de acordo, é que é um mal, e grande mal. Não digo que não; mas há um abismo entre mim e os comentadores; é que eles dizem o mal, sem acrescentar o remédio que há de curar o doente. Tudo está em acertar com a causa da moléstia. (…)
Resta-nos a indiferença; mas nem isto mesmo admito. Indiferença diz pouco em relação à causa real, que é a inércia. Inércia, eis a causa! Estudai o eleitor; em vez de andares a trocar as pernas entre três e seis horas da tarde, estudai o eleitor. Achá-lo-ei bom, honesto, desejoso da felicidade nacional. Ele enche os teatros, vai às paradas, às procissões, aos bailes, aonde quer que há pitoresco e verdadeiro gozo pessoal. Façam-me o favor de dizer que pitoresco e que espécie de gozo pessoal há em uma eleição? Sair de casa sem almoço (em domingo, note-se!), sem leitura de jornais, sem sofá ou rede, sem chambre, sem um ou dois pequerruchos, para ir votar em alguém que o represente no Congresso, não é o que vulgarmente se chama de caceteação? Que tem o eleitor com isso? Pois não há governo? O cidadão, além dos impostos, há de ser perseguido com eleições? (…)


Que fazer? Aqui entra a minha medicação soberana. (…) O eleitor não vai à urna, a urna vai ao eleitor.”
Os trechos do texto acima foram retirados de uma crônica de Machado de Assis publicada em 7 de agosto de 1892, em A Semana. Pouco depois do golpe que deu início à República no Brasil, já se percebia dificuldades no que diz respeito ao exercício da cidadania. Argumentos pitorescos para os dias de hoje, diriam os mais apressados. Porém, no Brasil, é um tema velho em roupagens novas. O tema da desconfiança e da indiferença dos eleitores em relação aos processos eleitorais é comumente apontado como um dos principais problemas relacionados à legitimidade do regime democrático no Brasil.
De fato, o Brasil é um dos campeões da desconfiança. Diria um dos lados do debate que isto é retrato do déficit de democratização no Brasil. Do outro lado do debate, alguns diriam que esta desconfiança é sinal da vitalidade da democracia no Brasil, à medida que representaria a emergência de cidadãos críticos e mobilizados para a defesa de seus interesses, uma vez que insatisfeitos com o regime.
Mas, de fato, mais preocupante do que a desconfiança (ou descrença como preferiria Machado) é a indiferença e a inércia. Talvez vivamos um tempo em que a indiferença em relação à política, especialmente na dimensão da representação eleitoral, seja a marca mais saliente de nossa democracia. Não importa a coloração e o discurso ideológico, a posição contra ou a favor do aborto, contra ou a favor a presença de bebidas nos estádios, durante a Copa de 2014. Drummond estava errado. Não estamos no tempo dos partidos, muito menos de homens partidos. Vivemos o tempo da indiferença, da indiferença em relação ao debate, às posições públicas assumidas pelos representantes e aos temas candentes da esfera pública.
E mais preocupante do que a indiferença dos cidadãos é a indiferença alimentada pelas instituições. No afã de corrigir as mazelas do processo eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral, a quem cabe zelar pelo bom andamento das eleições, toma a decisão de proibir a veiculação de propaganda no Twitter. As instituições da democracia brasileira têm cuidado de afastar o eleitor das urnas, como se ele já não tivesse gozos melhores e mais proveitosos do que sair em um domingo sem almoço para exercer sua cidadania.
No mínimo, esta é uma decisão que proíbe o debate, a explicitação de posições públicas, de opiniões sobre a coletividade que qualquer pessoa que se arvore o papel de representante de alguma coisa ou de alguém deve ter. Alimentar a indiferença do cidadão e dos homens partidos é alimentar soluções autoritárias, em que o remédio para corrigir as mazelas da política matam o doente por inteiro. Alimenta-se um demiurgo que surge calado e que não tolera o exercício da diferença!
Nesse caso, para o avivamento da democracia brasileira, na ânsia de reduzir a descrença dos eleitores, levemos as urnas aos cidadãos. E levar as urnas aos cidadãos significa fortalecer o debate e a publicidade das posições que os homens partidos, porque diferentes e não indiferentes, devem ter. Olhemos para o eleitor. Porque se ele for indiferente, não tolerará as diferenças, porquanto submetido à inércia do cotidiano. Machado de Assis, certamente, sabia do que estava falando.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Militares contra a tortura e pela Comissão da Verdade


Os defensores dos torturadores e dos agentes da repressão da ditadura militar de 1964 não falam pelos militares brasileiros. Um grupo de militares da reserva, entre eles um herói da Segunda Guerra Mundial, divulgou um manifestou em resposta ao documento dos clubes militares que atacou as ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Mulheres), que criticaram a ação repressiva durante a ditadura militar e apoiaram a investigação daqueles crimes pela Comissão da Verdade.

O novo manifesto foi articulado pelos capitães de mar e guerra Luiz Carlos de Souza e Fernando Santa Rosa e tem o apoio de militares como o brigadeiro Rui Moreira Lima, de 93 anos de idade e herói da Segunda Guerra Mundial: ele é um dos dois únicos pilotos sobreviventes que participaram de ações da Força Aérea Brasileira (FAB) na Itália, tendo cumprido 94 missões de combate; ele foi condecorado com a Cruz de Combate (Brasil), a Croix de Guerre avec Palmes (França) e a Distinguished Flying Cross (EUA) por heroísmo.

Lima apoia a Comissão da Verdade. “Ela é necessária não para punir, mas para dar satisfação ao mundo e aos brasileiros sobre atos de pessoas que, pela prática da tortura, descumpriram normas e os mais altos valores militares”, disse. Embora defenda o direito dos militares da reserva de se manifestarem, Lima e os militares que assinam o novo manifesto não se sentem à vontade em endossar um documento na companhia de torturadores. “Eles citam o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra”, diz o pesquisador Paulo Cunha, da Unesp, para quem este novo manifesto “mostra que o Clube Militar não é uma entidade monolítica, que há vozes discordantes.” Os articuladores do documento dizem que seus colegas da reserva não falam pelos militares da ativa nem mesmo por muitos daqueles que estão na reserva. O capitão de mar e guerra Fernando Santa Rosa não escolhe as palavras: quem está por trás do documento são “os fascistas, os saudosos da ditadura”, disse. 

Os apoiadores do novo manifesto reconhecem a necessidade da Comissão da Verdade. Para o brigadeiro Lima, “ela é necessária não para punir, mas para dar satisfação ao mundo e aos brasileiros sobre atos de pessoas que, pela prática de tortura, descumpriram normas e os mais altos valores militares. Segundo o manifesto, os “torturadores (militares e civis), que não responderam a nenhum processo, encontram-se 'anistiados', permaneceram em suas carreiras, e nunca precisaram requerer, administrativa ou judicialmente, o reconhecimento dessa condição, diferentemente de suas vítimas, que até hoje estão demandando junto aos tribunais para terem os seus direitos reconhecidos”. E pergunta: “Onde estão os corpos dos que foram mortos pelas agressões sofridas?”

Do site Vermelho




terça-feira, 13 de março de 2012

O padrinho da Globo

O provocador


Nunca entendi direito o porquê dos tradutores terem colocado o título de O Poderoso Chefão na obra-prima de Francis Ford Coppola chamada, originalmente, The Godfather (O Padrinho).
Ao assistir ao Jornal Nacional desta segunda (12), minha dúvida terminou.
A Globo canonizou Ricardo Teixeira. Em uma homenagem travestida de reportagem, a afilhada querida do poderoso padrinho fez elogios sem-fim aos seus feitos à frente da CBF.
Foram pouco mais de 3 minutos e 30 segundos de aplausos.
Denúncias? Uma minúscula parte dos escândalos desvendados pela Record, durante semanas seguidas, apareceram brevemente após 2 minutos e 40 segundos e logo trataram de dizer que foram arquivadas.
Foram números e marcas positivas quase sem-fim
- 112 títulos
- 5 Copas América
- 3 finais consecutivas de Copa do Mundo
-  Assumiu com apenas dois patrocinadores e deixou a entidade com R$ 271 milhões em caixa
- Organizou o campeonato nacional de futebol
- Comandou a campanha vitoriosa do Brasil para sediar a Copa de 2014
Este santo homem foi injustiçado por aqueles que não compreendem o amor de um pai por uma filha, de um padrinho por sua afilhada.
Como tenho dito nos últimos dias, é fácil mentir dizendo a verdade.
Ricardo Teixeira não deixou apenas o comando do futebol brasileiro nesta segunda. Deixou a Globo órfã de seu maior padrinho.
E o Jornal Nacional discursou em seu velório público.

Financiamento privado de campanha complica Eduardo Paes

Deu no Jornal do Brasil: 
Doadora da campanha de Paes ganha contrato de R$ 16 milhões sem licitação
A empresa Nielsen Engenharia, uma das principais doadoras da campanha eleitoral do prefeito Eduardo Paes (PMDB) em 2008, foi contratada pela Secretaria Municipal de Saúde para construção de um hospital na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro. No total, o contrato tem o valor de R$ 16,797 milhões. Fundamentada no artigo 4º da Lei das Licitações, a Prefeitura dispensou a licitação do contrato alegando que a obra é emergencial...  
...No mês passado, a prefeitura pagou R$ 20 milhões por um terreno da empresa Tibouchina Empreendimentos, cujos donos contribuíram com R$ 245 mil para a campanha eleitoral de Eduardo Paes. A compra foi cancelada após a divulgação da negociação na imprensa..
É nisso que dá o PMDB empacar a reforma política, ao lado dos tucanos. Há muito tempo já deveriam pelo menos acabar com essa história de empreiteiras, bancos e empresas patrocinarem campanhas eleitorais.

Qualquer conversa sobre ética na política e combate à corrupção, sem cortar o mal pela raiz desses financiamentos privados, não passa de cinismo. É conversa pra boi dormir.


Extraído do Blog os amigos do presidente

Abaixo-assinado PEDIDO DE JULGAMENTO INTERNACIONAL PARA OS 5 MAIORES RESPONSÁVEIS DO CRIME DE PINHEIRINHO





Os abaixo assinados, preocupados pela onda de violência oficial deflagrada pelo governo, a justiça e a polícia do Estado de São Paulo, Brasil, que vitima brutalmente trabalhadores, estudantes, pessoas vulneráveis, habitantes de favelas e outros setores carentes ou etnicamente perseguidos da sociedade, se dirigem mui respeitosamente a sua Excelência para 

INFORMAR: 

a) Que, no dia 22 de janeiro de 2012, a polícia do Estado de São Paulo expulsou entre 6000 e 9000 moradores de uma favela localizada em São José dos Campos (aprox. 80 Km. da Capital), denominada Pinheirinho, onde moravam pacificamente desde 8 anos antes. Os atacantes usaram armas de fogo, bombas de gás, cães, veículos blindados, atiraram em pessoas desarmadas e indefesas, jogaram bombas em barracas fechadas onde estavam famílias com crianças, e ordenaram destruir as casas dos moradores utilizando máquinas de terraplanagem com total aleivosia e brutalidade. 

b) Que produziram uma quantidade oficialmente não revelada de feridos, detidos, contundidos e vítimas de abuso sexual. A maioria das vítimas eram mulheres, crianças, pessoas idosas e algumas pessoas com deficiências. Calcula-se que cerca de 50 animais domésticos dos habitantes foram massacrados, e uns 500 foram feridos, machucados e/ou dispersados pelo campo, sem água nem comida. 
As pessoas foram detidas violentamente, privadas durante longo tempo de assistência médica, alimentos e água. Agentes humanitários e parlamentares que se interessaram pela saúde dos feridos e pretenderam brindar ajuda foram ameaçados com detenção. 

c) Que, no mesmo episódio, um representante da Ordem dos Advogados do Brasil diz ter ouvido que algumas pessoas tinham morrido, especialmente crianças, após sido atacadas a queima-roupa com bombas de gás. O fato não foi comprovado, mas também não há certeza de que não haja acontecido. 

d) Que o ataque foi ordenado pelo Governo do Estado, e autorizado pelo judiciário do Estado, apesar de existir uma proibição da justiça federal, e de estar em processo uma negociação que o prefeito de São José dos Campos SIMULOU manter com os parlamentares, para ganhar tempo na repressão. 

e) Que a juíza da comarca de São José dos Campos, além de autorizar os policiais, recebeu o relatório deles mesmos, sem cumprir nenhuma das formalidades que os juízes devem obedecer em sua relação com a polícia. 

DENUNCIAR: 

a) Que as autoridades envolvidas impediram que as negociações avançassem, e aceleraram a repressão para evitar uma solução pacífica. 

b) Que, notoriamente, um dos objetivos dos atacantes, além de obter a posse dos terrenos da favela, foi o de impingir TERROR nos movimentos sociais que protegem os favelados. 

c) Que a juíza da Comarca de S. J. dos Campos fez alarde de que chacina se preparava desde quatro meses atrás, e elogiou publicamente os atos de barbárie da polícia. 

d) Que, desde essa data até agora, não foi relevado o resultado de nenhuma investigação, e inclusive não se sabe quantas pessoas foram feridas, quantos moradores estavam no local após o ataque, nem sequer se houve ou não mortos. 
Um caso comprovado de grave ferida de bala fogo e vários casos de estupro foram negados pelas autoridades, apesar das vítimas serem apresentadas em público, durante uma audiência do senado. 

e) Que houve centenas de denúncias recebidas por ONGs, especialmente pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (estes dados são parciais e não incluem os que foram comprovados depois por agentes humanitários, advogados e parlamentares). 
Ameaças e humilhações – 260 denúncias 
Consequências do uso de armamentos – 248 denúncias 
Pouco tempo para recolher bens – 225 denúncias 
Casa demolida sem a respectiva retirada de bens – 205 denúncias 
Expulsão / Ordem para Sair de casa – 179 denúncias 
Agressão Física – 166 denúncias 
Perda de Emprego / Impedimento de renda – 80 denúncias 
Dificuldade / Impedimento de livre circulação – 77 denúncias 
Abrigos em situação de insalubridade – 73 denúncias 
Casas saqueadas – 71 denúncias 
Ameaças mediante armamento – 67 denúncias 
Falta de Orientações e a oferta de estrutura para retirar os bens – 64 denúncias 
Falta de assistência – 54 denúncias 
Uso do argumento do “pente fino” para acesso às casas – 42 denúncias 
Agressão / morticínio de animais – 33 denúncias 
Separação de filhos e outros parentes – 10 denúncias 
Coação para assinatura de “Auto de Arrolamento de Bens” – 10 denúncias 
Impedimento de registro de imagens via celular – 7 denúncias 
Impedimento de receber visitar de parentes nos abrigos – 2 denúncias 
Policiais forçados a cumprir ordens – 1 denúncia 
Impedimento de registro de Boletim de Ocorrência – 1 denúncia 
Prisões arbitrárias (por exemplo, falta de pagamento de prisão alimentícia) – 1 denúncia 

f) Que foram violadas várias cláusulas do Estatuto de Roma: 
Artigo 7° - Crimes contra a Humanidade 
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque: 
HOMICÍDIO ? Não se sabe se é aplicável, mas não se descarta 
DEPORTAÇÃO OU TRANSFERÊNCIA FORÇADA DE UMA POPULAÇÃO ? Totalmente aplicável 
PRISÃO OU OUTRA FORMA DE PRIVAÇÃO DA LIBERDADE FÍSICA GRAVE, EM VIOLAÇÃO DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DE DIREITO INTERNACIONAL ? Totalmente aplicável 
TORTURA ? Aplicável 
AGRESSÃO SEXUAL ? Dois ou três casos de estupro e vários de ameaça de estupro, sobre os quais as autoridades se negam a responder. 
DESAPARECIMENTO FORÇADO DE PESSOAS ? Não se sabe. 
OUTROS ATOS DESUMANOS DE CARÁTER SEMELHANTE, QUE CAUSEM INTENCIONALMENTE GRANDE SOFRIMENTO, OU AFETEM GRAVEMENTE A INTEGRIDADE FÍSICA OU A SAÚDE FÍSICA OU MENTAL ? Totalmente Aplicável. 

g) Que foram violadas várias proibições das Nações Unidas sobre expulsão de moradores: 
Em particular, foi violado o seguinte documento das Nações Unidas, nos pontos abaixo indicados. 
UN Doc. E/CN.4/Sub.2/1993/15, § 144. 
(1) Realizar, patrocinar, tolerar ou apoiar a prática de despejo forçado. 
(2) Demolir ou destruir casas ou moradias… 
(3) Negar serviços básicos como água, calor ou eletricidade... 
(4) Atos de racismo e outras formas de discriminação [houve humilhações contra pessoas com estas bases] 
(5) Adopção de legislação ou estratégias claramente inconsistentes com os direitos de moradia... 
(6) Não claramente aplicável 
(7) Não claramente aplicável 
(8) Priorizar abertamente os interesses imobiliários de grupos de altos ingressos... 
(9) Permitir o alojamento em locais contaminados ou perigosos. 
(10) Perseguir, Intimidar E Obstruir Organizações Sociais E Comunitárias E Impedir Seu Funcionamento Normal. 

h) Que este fato é mais um dentro da sequencia de atos de brutalidade, discriminação e tentativa de extermínio, que os governos do Estado de São Paulo das últimas três décadas (exercidos por dois partidos com grande afinidade) têm implementado contra pessoas pobres, marginalizadas ou proscritas, entre eles: 
1. O assassinato de 111 detentos indefensos em 1992. A decisão do júri contra os policiais assassinos foi adulterada pelo tribunal de justiça de São Paulo. 
2. O massacre de jovens infratores reclusos na chamada FEBEM, em 1999, com 4 mortos e dúzias de feridos. O governo e a justiça da São Paulo ignoraram. O presidente do tribunal de justiça de São Paulo ameaçou anistia internacional por denunciar os fatos. 
3. A chacina em 2004 de moradores de rua no centro de São Paulo considerados pelos governos de São Paulo como ofensivos ao alto padrão de riqueza dos comerciantes da região. Houve 7 mortos e vários feridos. A justiça e o governo do Estado impediram a investigação e desobedeceram a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos 
4. A violenta repressão dos estudantes da Universidade de São Paulo em 2011 
5. A expulsão violenta, com numerosos feridos e machucados, de dependentes químicos fisicamente vulneráveis no centro de São Paulo. 

DECLARAR: 
Que podem apresentar provas e depoimentos das vítimas e testemunhas, existindo abundantes evidências direitas das denúncias aqui feitas, incluindo declarações formais a autoridades parlamentares, numerosas fotografias, vídeos, gravações de som, e mais de 600 depoimentos assinados. 

SOLICITAR: 
a) Uma ampla e rigorosa investigação independente. 
b) O indiciamento por crimes contra a humanidade das seguintes pessoas: 
Geraldo José Rodrigues ALCKMIN FILHO, governador do Estado de São Paulo. 
Ivan SARTORI, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. 
Antonio Ferreira PINTO, secretário de segurança do Estado de São Paulo 
Eduardo Pedrosa CURY, prefeito da cidade de São José dos Campos, em SP. 
Márcia Faria Mathey LOUREIRO, magistrada interveniente da comarca de SJ dos Campos. 
Eles são responsáveis dos atos denunciados e de desconhecer a decisão do juiz federal que ordenou parar o ataque para evitar o massacre. 
Deve salientar-se que nenhuma medida está sendo adotada pelo governo do Estado de São Paulo, e tampouco pelo Governo Federal em relação com a punição dos crimes, ou da investigação de responsabilidades.  


sábado, 10 de março de 2012

Com a esquerda no poder, Brasil tem a menor desigualdade da história

Tijolaço


no lançamento da pesquisa “De volta para o país do futuro”, o economista Marcelo Néri, anunciou que, segundo os dados do IBGE, o Brasil atingiu o menor íncide de desigualdade de sua história. Os números preeliminares indicam que o índice de Gini do paísa atingiu 0,519 – quanto mais baixo, numa escala de zero a um, mais igualdade – atingindo um número 3,3% menor que o piso histórico, de 1960.

Emnbora continuemos a ser um dos países mais desiguais do mundo, o economista classificou de “espetacular” a queda obtida desde os 0,5957 de 2001 e afirmou que “a renda dos 50% mais pobres cresceu 68% em 10 anos e a renda dos 10% mais ricos cresceu 10%, ou seja, a renda dos 50% mais pobres está crescendo seis vezes mais rápido do que a renda dos 10% mais ricos em uma década”.

Néri chamou de “milagre chinês” o crescimento da renda dos mais pobres, e estimou que a pobreza caiu 7,5% entre 2002 e 2008,  aumentou 2,1% com a crise de 2009 e voltou a cair fortemente em 2010 (-8,8%) e em 2011 (-11,7%).

E os números sobre os quais a FGV trabalhou, esclareça-se, ainda não captam os efeitos do aumento do salário-mínimo em janeiro.