domingo, 30 de outubro de 2011

JOGOS PAN-AMERICANOS: A Boca Torta do Monopólio



Por Samuel Lima em Observatório da Imprensa

Pouco antes do começo oficial dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México, alguns observadores de mídia já antecipavam uma tendência: a maior rede de televisão brasileira iria ignorar “olimpicamente” a 16ª edição desse evento, que começou em 1951, e cuja relevância jornalística é inconteste. O pesquisador Rogério Christofoletti escreveu: “No caso das Organizações Globo, ignorar a efeméride é simplesmente deixar de lado seus recém-anunciados Princípios Editoriais” (ver “O Pan olimpicamente ignorado“).

Os direitos exclusivos de transmissão do Pan foram adquiridos pela Rede Record, que vitaminou seus índices de audiência, adequando sua grade fixa aos destaques esportivos do evento, como foi o caso da final do vôlei feminino, vencida pela seleção brasileira em jogo de altíssimo nível contra Cuba. O começo da cobertura reservou o único momento de pugilato entre as duas redes. A Record acusou: “Rede Globo usa imagens dos Jogos Pan-Americanos sem autorização”. A concorrente se limitou a admitir em nota o problema (utilização das imagens nos programas dominicais) e creditou a responsabilidade à agência Associated Press (AP), que supostamente lhe cedera as imagens. Um mês antes da competição, a emissora colocara à disposição das demais redes brasileiras as imagens do Pan, desde que suas concorrentes exibissem sua logomarca e o texto “imagens cedidas pela Rede Record”.

Com efeito, analisando vis-à-vis a grade do Jornal Nacional (JN), na semana de 17 a 21 de outubro, o Pan virou uma “nota pelada” nas telas da Globo e teve como recurso máximo um infográfico, cujas informações foram creditadas ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Cada nota lida pelos apresentadores durou 34,8 segundos em média (menor tempo foi 30s, na segunda; o maior destaque durou 41s, na edição de sexta, 21/10).

  Um estranho vício de cobertura

A Record mobilizou uma equipe de talentosos jornalistas, mas à primeira análise parece faltar uma certa dose de improvisação da cobertura, em detalhes que fazem a diferença. O padrão técnico não deixa a desejar, tampouco seu time de repórteres. Essa aparente falta de planejamento transparece nas passagens ao vivo, na dificuldade de equalizar o tempo de áudio dos diversos pontos (no México, transição para o Brasil etc.). Mas, há um mérito de fundo a ser melhor discutido e avaliado: a quebra do monopólio global.

O jornalista José Roberto Torero indagara, profético: “Será interessante ver como a Globo se portará em relação ao noticiário da competição. Terá total ética jornalística e dará destaque justo às vitórias brasileiras, correndo o risco de alavancar a audiência da concorrente? Ou mal tocará no assunto (como no tempo das Diretas Já), deixando que o fator comercial fale mais alto que o senso jornalístico? É uma decisão difícil.”

A julgar pela primeira semana do Pan, a Globo indicou com absoluta clareza o caminho adotado. A ver, os eventuais impactos sobre o futuro da indústria da mídia televisiva no caso de grandes eventos esportivos. A atitude da Globo, refletida de forma equânime em todos os seus canais, eletrônicos (sinal aberto e a cabo) e no portal G1 está descolada dos seus princípios editoriais e do direito de informação do distinto público, como observara Christofoletti. Neste caso, o hábito do monopólio parece ter gerado um estranho vício de cobertura.


Pan no JN na semana

17, segunda: duração de 30 segundos
18, terça: duração de 32 segundos
19, quarta: duração de 36 segundos
20, quinta: duração de 35 segundos
21, sexta: duração de 41 segundos

Câncer acontece quando Lula ainda é ‘mais dominante’ no Brasil, diz ‘New York Times’

Correio do Brasil

O diagnóstico do câncer do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva repercutiu na imprensa internacional neste domingo. O jornal norte-americano The New York Times publicou uma reportagem na qual afirma que o diagnóstico do câncer acontece em um momento em que o ex-presidente é visto como dominante na política brasileira.

“A revelação da sua condição acontece em um momento em que ele ainda é admirado aqui como o líder político contemporâneo mais dominante do Brasil”, escreve o jornalista do New York Times Simon Romero, do Rio de Janeiro.

“Desde que deixou a presidência, Silva, um ex-líder sindical, manteve ampla influência na política brasileira. Ele viajou muito dentro do Brasil e no exterior, fazendo discursos por cachês altos, e na semana passada ele apareceu ao lado (da presidente Dilma) Rousseff na inauguração de uma ponte na cidade amazônica de Manaus”.

O New York Times diz que a notícia sobre Lula mostra um “contraste grande” em relação à forma como o presidente venezuelano, Hugo Chávez, revelou seu câncer, em junho. Enquanto o brasileiro optou por revelar rapidamente a doença, Chávez “surpreendeu os venezuelanos” ao anunciar que já havia sido submetido a uma cirurgia, segundo o New York Times. O jornal também lembra que o venezuelano nunca revelou o tipo de câncer que teve.

Lula foi diagnosticado com câncer na laringe. A informação foi divulgada no sábado pelo hospital Sírio-Libanês, onde o ex-presidente fez exames após se queixar de dores na garganta. Ele começará quimioterapia na segunda-feira.

Incerteza’

Uma reportagem do jornal argentino La Nación afirma que o câncer do ex-presidente desperta incerteza entre os brasileiros sobre o futuro político de Lula.

“A inesperada notícia sobre a doença surpreendeu a todos os brasileiros e despertou uma grande incerteza sobre um eventual regresso de Lula à Presidência do Brasil, onde ele mantinha uma enorme influência política no atual governo”, escreve o jornal argentino.

O La Nación diz que o “carismático e popular” ex-presidente brasileiro terá pela frente uma “nova e inesperada batalha”.

Já o jornal argentino El Clarín destacou que a notícia sobre a doença de Lula “surpreendeu os veículos brasileiros de imprensa”, já que o ex-presidente havia anunciado que tinha começado a deixar de fumar cigarrilhas.

O El Clarín também destacou a repercussão da doença no Twitter, com várias mensagens de solidariedade acompanhadas das hashtags #vivalula e #forçalula.

O jornal espanhol El País disse que a notícia sobre Lula “correu como pólvora em todo o país”. Já o americano The Wall Street Journal destaca a importância “literal” da voz de Lula na política brasileira.

“Muito do sucesso de Lula se deve à sua voz. Como um país grande e recentemente industrializado sofrendo com uma ditadura militar, os sindicatos brasileiros estavam maduros para um rompimento nos anos 70″, escrevem os jornalistas Matthew Cowley e Tom Murphy.

“No sentido literal, Lula, um ex-sindicalista, deu aos trabalhadores uma voz”.

sábado, 29 de outubro de 2011

Maria do Rosário repudia racismo de Arnaldo Jabor contra Orlando Silva #ArnaldoJaborRacista

Jabor destila racismo contra Orlando e é rechaçado no Twitter

Em comentário na Rádio CBN, na última quinta (27), o cineasta e jornalista Arnaldo Jabor destilou todo o seu preconceito e anticomunismo ao comemorar a saída de Orlando Silva do Ministério do Esporte. "Finalmente, o Orlando Silva caiu do galho”, disse Jabor, ao iniciar sua fala na rádio. Além de associar, indiretamente, o ex-ministro a um “macaco”, o que se segue é uma saraivada de xingamentos gratuitos e raivosos contra Orlando, o PCdoB e a UNE. As declarações geraram reação nas mídias sociais.



http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/arnaldo-jabor/2011/10/27/FINALMENTE-ORLANDO-SILVA-CAI-DO-GALHO.htm
Com a hastag #ArnaldoJaborRacista, os internautas cobravam um processo contra Jabor por racismo.

"Espero uma atitude imediata da justiça pq no Brasil Racismo é crime inafiançável #ArnaldoJaborRacista", postou a tuiteira @Marianna_UFRN .

O presidente da Ubes, Yann Evanovick, também rebateu, em sua conta no twitter @YannUbes: "Jabor no Brasil de hoje representa o que tem de pior na sociedade. Isso é para os que acreditam que no Brasil não tem mais racismo. #vergonha".

Até a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário, criticou o comentarista no microblog. "Quero repudiar veementemente a declaração racista do Arnaldo Jabor sobre o ex-ministro Orlando Silva. Isso é inaceitável!", escreveu.

A entidade do movimento negro Unegro anunciou que lançará manifesto de repúdio às declarações de Arnaldo Jabor e exigindo sua imediata demissão, além de uma investigação do Ministério Público por crime de racismo. (Com informações do Portal Vermelho).

Extraído do osamigosdopresidente

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Eu te disse, eu tinha razão - Karl Marx


Em tempos de crise…”Eu te disse que eu tinha razão sobre o capitalismo”

Do capital ao social

Por Frei Betto em Adital
O economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, calcula que, em 2010, através de programas sociais, o governo federal repassou a 31,8 milhões de brasileiros - a maioria, pobres - R$ 114 bilhões. Ao incluir programas de transferência de renda de menor escala, o montante chega a R$ 116 bilhões.

Este valor é mais que o dobro de todo o investimento feito pelo governo no mesmo ano - R$ 44,6 bilhões, incluindo construção de estradas e obras de infraestrutura.

Os R$ 116 bilhões foram destinados à rede de proteção social, que abarca aposentadoria rural, seguro-desemprego, Bolsa Família, abono salarial, Renda Mensal Vitalícia (RMV) e Benefício de Prestação Continuada (BPC). Esses programas abocanharam 3,1% do PIB.

A RMV, criada em 1974, era um benefício previdenciário destinado a maiores de 70 anos ou inválidos, definitivamente incapacitados para o trabalho, que não exerciam atividades remuneradas, nem obtinham rendimento superior a 60% do valor do salário mínimo. Também não poderiam ser mantidos por pessoas de quem dependiam, nem dispunham de outro meio de prover o próprio sustento.

Em janeiro de 1996, a RMV foi extinta ao entrar em vigor a concessão do BPC. Hoje, a RMV é mantida apenas para quem já era beneficiário até 96. Já o BPC é pago a idosos e portadores de deficiências comprovadamente desprovidos de recursos mínimos.

Há quem opine que o governo federal "gasta” demais com programas sociais, prejudicando o investimento. Ora, como afirma Lula, quando o governo canaliza recursos para empresas e bancos, isso é considerado "investimento”; quando destina aos pobres, é "gasto”...

O Brasil, por muitas décadas, foi considerado campeão mundial de desigualdade social. Hoje, graças à rede de proteção social, o desenho da pirâmide (ricos na ponta estreita e pobres na ampla base) deu lugar ao losango (cintura proeminente graças à redução do número de ricos e miseráveis, e aumento da classe média).

Segundo o Ipea, entre 2003 e 2009, 28 milhões de brasileiros deixaram a miséria. Resultado do aumento anual do salário mínimo e da redução do desemprego, somados ao Bolsa Família, às aposentadorias e ao BPC.

A lógica capitalista considera investimento o que multiplica o lucro da iniciativa privada, e não o que qualifica o capital humano. Essa lógica gera, em nosso mercado de trabalho, a disparidade entre oferta de empregos e mão de obra qualificada. Devido à baixa qualidade de nossa educação, hoje o Brasil importa profissionais para funções especializadas.

Se o nosso país resiste à crise financeira que, desde 2008, penaliza o hemisfério Norte, isso se deve ao fato de haver mais dinheiro em circulação. Aqueceu-se o mercado interno.

Há queixa de que os nossos aeroportos estão superlotados, com filas intermináveis. É verdade. Se o queixoso mudasse o foco, reconheceria que nossa população dispõe, hoje, de mais recursos para utilizar transporte aéreo, o que até pouco tempo era privilégio da elite.

Há, contudo, 16,2 milhões de brasileiros ainda na miséria. O que representa enorme desafio para o governo Dilma. Minha esperança é que o programa "Brasil sem miséria” venha resgatar propostas do Fome Zero abandonadas com o advento do Bolsa Família, como a reforma agrária.

Não basta promover distribuição de renda e facilitar o consumo dos mais pobres. É preciso erradicar as causas da pobreza, e isso significa mexer nas estruturas arcaicas que ainda perduram em nosso país, como a fundiária, a política, a tributária, e o sistema de educação e saúde.

A queda-de-braço entre FIFA e governo brasileiro


A FIFA encontrou algumas dificuldades na aplicação das suas vastas exigências para a realização da Copa do Mundo-2014. O foco da tensão é o debate da Lei Geral da Copa no Brasil. O presidente da entidade – Sepp Blatter – e seus parceiros provavelmente não imaginavam que determinadas leis locais seriam tabus difíceis de quebrar, mesmo sob a alegação de “excepcionalidade”, que apresentam.

O primeiro entrave foi o pedido de derrubada do direito à meia-entrada, garantido pelas leis municipais e estaduais a estudantes e idosos. A FIFA exigiu dos relatores da Lei da Copa que garantissem que o direito fosse eliminado durante a competição, uma vez que reduziria seus lucros polpudos. No Brasil, porém, trata-se de um direito quase indiscutível, para as mais diversas atividades culturais e transporte coletivo. O direito historicamente foi garantido no futebol nacional.

Os ingressos da Copa do Mundo, por sua vez, são costumeiramente utilizados enquanto moeda de troca para favores dentro da FIFA. Na prévia da Copa do Mundo da Alemanha, Jack Warner, presidente da confederação de futebol centro e norte-americana (Concacaf) foi pego desviando ingressos oficiais diretamente para sua empresa de turismo, com a proteção de Blatter.

O segundo ponto de discórdia é a exigência de maior repressão do Estado brasileiro contra o que a FIFA chama de “pirataria”. Em outros termos, a entidade quer que o estado brasileiro aperte ainda mais os pequenos comerciantes, trabalhadores informais e camelôs que vendam artigos com a marca oficial do torneio sem prévia autorização.

O terceiro desentendimento é em torno do pedido de liberação de bebidas alcoólicas na Copa do Mundo. Seu consumo bebidas foi severamente restringido nos estádios brasileiros com o advento do novo Estatuto do Torcedor, em 2008. Alegou-se que era uma medida necessária para a segurança do torcedor nos estádios. Parlamentares de um vasto arco de partidos aprovaram a medida. Como a Budweiser – uma das maiores cervejarias do mundo e parceira econômica da FIFA – quer garantir o seu lucro de cada Copa, a proibição precisaria ser derrubada.

Esse ponto tem tomado contornos surpreendentes. Muitos torcedores reclamaram que a medida era desnecessária e não influía no comportamento dos nos estádios. Os números sugerem que estão corretos. Os índices de violência dentro das praças esportivas mantiveram-se baixos; mas os incidentes entre torcidas antes e após os jogos, em locais distantes das arenas, não foi reduzido pela restrição ao álcool. O relator da Lei da Copa, deputado Vicente Cândido (PT-SP), afirmou ser a favor do pedido da FIFA, por considerar que “as normas brasileiras precisam de atualizações, e que esse aspecto pode trazer para o Brasil um grande avanço na utilização de aparatos jurídicos”.

Como se vê, porém, as exigências da FIFA são mais amplas. Vicente Cândido terá que escolher, no fim das contas, de que lado fica. Ou dos cartolas (ele mesmo é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol), ou dos que defendem direitos como a meia-entrada e não querem repressão contra os trabalhadores informais.


Extraído do site Fazendo Média e publicado originalmente do Outras Palavras

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Senado aprova criação da Comissão da Verdade para apurar crimes do Estado entre 1946 e 198



O projeto de lei que cria a Comissão da Verdade foi aprovado ontem (26) no Senado, com apoio unânime dos senadores. Com a presença da ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário e de parentes de vítimas da ditadura militar, o parecer favorável ao projeto foi lido pelo relator, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), ele mesmo exilado político no período da ditadura militar (1964-1985).


O texto prevê a criação de uma comissão com a participação de sete membros indicados pela presidenta da República, Dilma Rousseff, com suporte administrativo e financeiro da Casa Civil. O objetivo será apurar fatos ocorridos entre os anos de 1946 e 1988, entre eles crimes de tortura e assassinato cometidos em nome do Estado brasileiro.

O projeto foi fruto de acordo do governo com a oposição e estabelece também que pessoas que atuam como dirigentes de partidos políticos não poderão integrar a nova comissão. Funcionários públicos civis e militares ficarão obrigados a colaborar com os trabalhos de esclarecimento dos fatos ocorridos no período e outras testemunhas poderão ser convocadas. Também poderão ser solicitadas perícias, mas a comissão não terá qualquer poder punitivo em relação aos crimes que já foram anistiados ou prescritos.

O relator lembrou que o esclarecimento dos fatos é fator fundamental para que a democracia brasileira possa seguir se fortalecendo. “Qualquer que seja o resultado da Comissão da Verdade, a ferida não se fechará. Mas eu espero que nós possamos, no trabalho da Comissão, encontrar uma resposta sobre mistérios com os quais nós convivemos e que não podem subsistir na plenitude da democracia”.

Diversos senadores lembraram que ainda existem corpos de pessoas mortas que não foram encontrados. A localização desses corpos é uma das expectativas criadas com a implementação da comissão. “O que eu quero é seguir em frente, eu sei que as famílias das vítimas vão carregar para sempre essa ferida, como disse no início, não há cura para isso, mas talvez aqueles que foram mais diretamente e duramente atingidos possam se sentir, de alguma forma, reparados, se à luz da democracia puder contribuir para esclarecer as condições em que seus entes queridos pereceram e, inclusive, a autoria desses crimes”, resumiu Ferreira.

A presidenta da sessão, senadora Marta Suplicy (PT-SP), disse que o texto seguirá para sanção da presidenta Dilma Rousseff. “Hoje ela terá uma noite muito feliz”, disse a senadora, lembrando que a presidenta foi torturada durante a ditadura militar.




 
Agência Brasil

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um "Humorista" que defeca pela boca 2


“Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho!... Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus” _ Rafinha Bastos

Uma pessoa que diz algo tão desprezível não deve ter noção de quanto sofre uma mulher que passa por um tipo de violência como essa.

“Acho absurdo usarem o argumento da liberdade de expressão como justificativa para esse tipo de piada. Não foi para isso que pessoas morreram pela democracia” _ Marcelo Rubens Paiva

E ainda tem gente apoiando esse babaca!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ricardo Eletro abre loja na Rocinha

Conversa Afiada

A Sociologia do FHC não localiza a Rocinha


Saiu na Exame:

Máquina de Vendas inaugura loja na comunidade da Rocinha

Grupo é o primeiro varejista a chegar ao local com unidade da Ricardo Eletro

São Paulo – A Ricardo Eletro inaugura nesta quarta-feira uma unidade na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ). Trata-se da primeira loja de uma rede de varejo a se instalar no local.

“Após a instalação de redes de fast-food, uma agência dos Correios e agências de grandes bancos, era natural que também viéssemos atender a essa população que já é nossa cliente em outras unidades”, afirma Ricardo Nunes, presidente da Máquina de Vendas, dona da Ricardo Eletro.

Com a melhoria de renda e maior acesso ao crédito, os mais de 200.000 habitantes da comunidade – segundo a associação de moradores – é um mercado consumidor com potencial para alavancar as cifras da Máquina de Vendas. A expectativa da companhia é que o faturamento da nova loja atinja 1 milhão de reais em outubro.


*Nunca Dantes = Lula
O Nunca Dantes fundou a Classe C
O Nunca Dantes financiou a instalação da segurança pública nas favelas do Rio.
O FHC vai passar o resto da vida sem saber onde ficam a Rocinha e a Classe C.
O FHC e o Cerra pensam que a Classe C fica entre a Primeira e a Executiva
Paulo Henrique Amorim

“As causas da crise são ilegítimas”

Outras Palavras


A dívida que corrói direitos sociais na Europa é ilegítima, diz Toussaint. Governos devem aprender com a experiência latino-americana

Por Màrius Fort, La Vanguardia | Tradução: Daniela Frabasile

O professor Eric Toussaint escreveu e coordenou, junto com Damien Millet, uma obra lintitulada La deuda o la vida (A dívida ou a vida), publicado pela Editora Icaria. Às vésperas da manifestação dos indignados no 15 de outubro, em diferentes cidades da Europa, tendo Bruxelas como epicentro, a questão da dívida soberana e da crise na Zona do Euro assume papel central na discussão.
Toussaint, presidente do Comitê de Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM), oferece um seu último livro sua perspectiva a respeito da aual situação de crise que atravessa a Europa, e que, interpreta, não é muito diferente do que aconteceu nos países da América Latina nos anos 80 e 90 do século passado.

O título do livro é A dívida ou a vida. Dito assim, parece que alguém está nos roubando.

Claro que nos roubam. Os grandes acionistas dos bancos continuam tendo hoje toda a liberdade para fazerem o que quiserem, apesar da crise, apesar dos aspectos mais controversos de suas atividades. Aspectos que, vale lembrar, provocaram precisamente a crise em 2007, uma crise que teve início nos Estados Unidos e que finalmente contagiou a Europa. E, apesar de suas atividades prejudiciais, nem os Estados Unidos nem ninguém tem realmente tomado medidas para disciplinar essas instituições. Agora, novamente, muitas delas estão perto de quebrar, como aconteceu com o banco franco-belga Dexia, que teve que ser resgatado pela segunda vez, exatamente três anos depois do primeiro resgate. É preciso lembrar que as instituições bancárias estão tão interconectadas entre elas que a quebra de uma ou de duas pode ter um efeito desastroso sobre o conjunto do sistema financeiro. Não se pode subestimar os perigos reais nesse aspecto.

Por que os mercados não atormentam a França e a Alemanha, que possuem uma dívida pública maior que a Espanha?

Os mercados, quero dizer, os grandes bancos, os fundos de pensão, as seguradoras, o que chamamos de investidores institucionais, especulam com os elos fracos da União Europeia, que agora são países como Grécia, Portugal, Espanha ou Itália. Não há dúvida que em um ano, ou talvez menos, também especularão com França e Bélgica, meu país. No caso belga, acredito acontecerá em questão de semanas ou meses. O spread atual é de mais de 200 pontos básicos. É mais fácil atacar os elos mais fracos de uma cadeia do que começar a atacar os mais fortes. Isso não quer dizer que vão parar. Espanha e Itália serão os próximos, depois França e, talvez por último, Alemanha. Ninguém na União Europeia pode se considerar imune frente aos mercados que atuam com total liberdade para tirar proveito da situação, obtendo benefícios a curto prazo. O grave é que esses mesmos especuladores estão numa situação virtual de quebra. É uma situação escandalosa.

Os mesmos bancos que salvam os países atacam esses países?

Exatamente. Os Estados estão ajudando os bancos a continuar desestabilizando os Estados. É a pura verdade, é o que está ocorrendo. Não é uma visão ideológica, é a leitura da pura realidade.

Isso é quase como dizer que o sistema derruba a si mesmo.

De alguma maneira, sim, porque, para os banqueiros e outras instituições financeiras, o único que interessa é o máximo lucro a curto prazo. Eles não têm uma visão a longo prazo, porque eles mesmos pensam que os riscos que tomam a médio e longo prazo serão resgatados pelas instituições públicas para reduzir ou eliminar suas perdas.

Como presidente do CADTM, você acredita que algo foi aprendido com os 30 anos de ajuste estrutural em outros países, por exemplo, da América Latina?

Os governos da Europa demonstram que não querem usar as lições dos 30 anos de neoliberalismo na América Latina. Na Comissão Europeia (CE), os governos nacionais — e, claro, o governo do Estado espanhol — implementam políticas de ajuste e redução do gasto público que deprimem a demanda global e geram um crescimento reduzido ou, simplesmente, recessão. Até a Alemanha, que havia conseguido tirar vantagem da situação porque obteve superávit comercial com os países da periferia europeia (Grécia, Portugal, Espanha), agora está com dificuldades econômicas. Toda a Europa está implementando o mesmo tipo de política, e os modelos baseados em conseguir crescimento através de exportações não funcionam, sobretudo porque todos fazem o mesmo. Estive cinco vezes na América Latina, e vários representantes de diferentes governos me perguntam: “Como é possível que os governos da Europa não tenham tirado lições de nossa experiência e estejam tão empenhados em repetir os mesmos erros?”

Que comparação você faz entre os planos de ajuste na África, ou seja, o plano de ajuste estrutural do FMI, e os planos de austeridade na Europa?

Penso que existe um paralelismo evidente. São as mesmas medidas do chamado Consenso de Washington, que estão implantando na Europa. Quais são essas medidas? Cortes de gastos públicos, demissões massivas de funcionários públicos, importantes privatizações, aumento dos impostos indiretos tipo IVA, mudanças no mercado de trabalho e mudanças no sistema de aposentadoria — ainda que no caso da África nunca tenha havido aposentadoria, obviamente, mas em vários países da América Latina, sim. É exatamente o mesmo esquema que produz uma degradação das condições de vida e resultados econômicos muito pobres em termo de crescimento.

Tudo isso que você conta me lembra aspectos que vivemos há pouco tempo.

Sim. Os acordos ditados pela troika (CE, FMI e BCE) a Grécia, Portugal e Irlanda são exatamente as medidas que foram implementadas na América Latina durante as épocas do mandato de Carlos Menem, na Argentina, medidas que resultaram no desastre e na rebelião de 2001, o famoso corralito. A Europa está vivendo mais ou menos a situação da América Latina nas décadas de 80 e 90. As pessoas começam agora a entender o desastre que representa tudo isso. Custou anos para que a América Latina levantasse voo. Espero que a Europa não atravesse 10 ou 15 anos de neoliberalismo. Espero que, graças à consciência social e à mobilização da sociedade, tenha início um questionamento sobre a legitimidade da dívida pública, que aumenta porque se transfere dívida privada aos governos. Na Espanha, a dívida pública representa somente 17% da dívida total. Está claro que a tendência é transferir dívida privada ao governo espanhol, como ocorreu em casos emblemáticos, como na Irlanda, onde um país modelo, de déficit zero e desemprego nulo, viu como a quebra dos bancos e a exposição da bolha imobiliária gerou um endividamento público massivo porque o tesouro público teve que assumir o custo de resgate bancário. Isso está no caminho de um país como a Espanha.

Este final de semana, a premiê alemã Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy parecem ter chegado a um acordo “total”, “uma solução duradora para os problemas de Europa”. E o presidente da CE, José Manuel Durão Barroso, apresentou um plano para recapitalizar a banca. Qual sua opinião do papel da CE nesta crise?

Os planos atuais da CE sempre têm um grande atraso. Agora estão respondendo à fase prévia da crise, tanto na metodologia quanto no volume de disposição do Fundo Europeu de Estabilidade para intervir. Este fundo, que chega a 440.000 milhões de euros, é totalmente insuficiente, mesmo sefor duplicado, poque tem que intervir na Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha. Estão oferecendo à opinião pública a mensagem de que tudo está sob controle, quando na realidade o chão está desabando debaixo dos pés.

A Grécia irá cair?

Para mim, o elo mais debilitado na Europa são os bancos. Se fala muito sobre a Grécia, mas na realidade agora são os bancos. Dexia já é um exemplo claro, mas também BNP Paribas, Socité Generale, até o Deutsche Bank, Intesa Sanpaolo, na Itália, e grupos como o Santander e BBVA. Essa é a minha opinião. Veremos nos próximos meses quem realmente se encontrará com mais dificuldades, os bancos ou a Grécia, Portugal ou Irlanda.

Em seu livro, você menciona a “doutrina de choque” de Naomi Klein. Nos encontramos sem narrativa, sem história, estamos desorientados?

Estamos vivendo a implementação da estratégia descrita por Naomi Klein, chamada de “estratégia de choque”. Por exemplo, há alguns dias, o jornal italiano Corriere de La Sera revelou o conteúdo exato da carta do BCE à Itália, que chegou no início do mês de agosto. Ali está a descrição exata da “estratégia do choque”. Mais que recomendações, era um ditado sobre temas que não são da competência do BCE. Exemplos: a criação dos convênios coletivos do mercado de trabalho. É uma intromissão de instituições multilaterais que não incluem em sua missão questões como o mercado de trabalho. Todo o mundo sabe que o objetivo do BCE é combater a inflação. O que digo no livro é que em 2008-2009 tivemos um pequeno lapso de tempo no qual não se implementava totalmente a “estratégia do choque”, mas que a partir de 2010-2011 estamos na parte agressiva da implementação e é fundamental para mim o que pode ocorrer em 15 de outubro. Os indignados, sejam de onde forem, agora em Bruxelas, protestam porque veem que alguns interesses privados são favorecidos contra os interesses da maioria. E isso é uma perda total de confiança de uma parte importante da sociedade em relação àqueles que nos governam.

Quais alternativas você sugere em seu livro?

É necessária uma solução radical sobre o tema da dívida pública através de um processo de auditoria para identificar a parte ilegítima — e repudiá-la. Isso implica mobilização social, porque os governos atuais não estão nada convencidos desse caminho. Segundo, realmente não podemos seguir deixando que os bancos atuem como atuam hoje. Por isso, precisamos socializá-los totalmente, e não apenas suas perdas. Os poderes públicos devem criar instrumentos para ter um setor público de crédito para a população e para incentivar a economia, criar emprego. Precisamos de uma nova disciplina financeira, rigorosa, em relação aos mercados financeiros. Realmente, como disse aquele trader na BBC, Alessio Rastani, “Goldman Sachs domina o mundo”. Goldman Sachs tem uma grande influência, mas não domina o mundo, ao menos não todo. Mario Draggi, o futuro presidente do BCE, é um homem de GS. Também foi um alto funcionário do Banco Mundial. Os mandatários políticos terminam muitas vezes sendo membros do conselho se administração de grandes empresas e vice-versa. E isso é em agradecimento a suas ajudas e também porque as empresas industriais e financeiras querem usar essa influência para fazer lobbies sobre os governos. Teríamos que limpar tudo isso e que não haja conflito de interesse entre mandatários políticos e acionistas privados. Um político não pode passar assim para o setor privado, ao menos deve ter uns cinco ou dez anos de distância.

Porque você considera a dívida de muitos países europeus, entre eles a Espanha, ilegítima?

Porque é o resultado de uma política deliberada, injusta, que não respeita o princípio fundamental de direito, que é a equidade. Primeiro houve uma reforma fiscal neoliberal de redução da contribuição tributária das famílias mais ricas, não falo da classe média, falo dos 5-10% mais ricos. São eles que são beneficiados por essas políticas, e também as empresas privadas, que pagam muito menos impostos por seus ganhos. Então, os Estados tiveram que financiar seu orçamento com mais dívidas; este é o primeiro fenômeno. O segundo é que a crise foi provocada pelas aventuras dos promotores imobiliários, que são grandes empresas privadas, e todo o sistema de crédito hipotecário, e isso gerou a explosão da bolha imobiliária, e provocou uma recessão econômica que obrigou o Estado a manter algum nível de crescimento, que supõe um custo que fez a dívida pública aumentar. Essa acumulação de dívida pública, que na Espanha não chegou ao nível comparado a Grécia, Itália ou Irlanda, é o resultado de uma política nefasta que favoreceu os responsáveis pela crise, que seguem sendo beneficiados das políticas dos governos. Por isso falamos de ilegitimidade. Um governo pode ser democrático e emitir dívida e que em nível legal não tenha vícios, mas não tem legitimidade por não respeitar o princípio de equidade.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Isenção e Interesse Público, a-ham!

Por Altamiro Borges


No momento em que setores da sociedade discutem a urgência de um novo marco regulatório da mídia, é emblemática a postura da prepotente TV Globo na cobertura dos jogos Pan Americanos, que ocorrem em Guadalajara, México. A emissora, que cochilou e perdeu o direito de exclusividade da transmissão para a TV Record, simplesmente decidiu invisibilizar o torneio. Ela está sabotando o Pan!

O caso é tão cavernoso que gerou protestos de telespectadores. Nas redes sociais, a emissora foi bombardeada. Diante da reação, o Jornal Nacional só rompeu o silêncio no sábado e reservou “longos” 20 segundos para falar das medalhas já conquistadas pelos brasileiros. Renata Vasconcelos, âncora do programa, relatou friamente as conquistas das medalhas no taekwondo e no pentatlo.

O crime será apurado?

Foi a primeira vez que o JN tratou dos jogos de Guadalajara - em pauta há vários meses. Na sexta-feira (14), dia da cerimônia de abertura oficial do Pan, a emissora simplesmente se fingiu de morta. Os jogos viraram “não notícia”, penalizando milhões de brasileiros que ainda assistem esta concessionária pública. Um crime que mereceria apuração, caso houvesse um órgão regulador da mídia no Brasil!



No artigo “O Pan olimpicamente ignorado”, publicado no Observatório da Imprensa, o jornalista Rogério Christofoletti já havia alertado para a gravidade do assunto. Reproduzo alguns trechos da sua crítica:

*****

O fato de a emissora de TV do Jardim Botânico não ter os direitos de transmissão da competição tem feito com que o evento seja simplesmente tratado como dispensável na pauta do seu noticiário. Pior que não ter comprado os direitos de transmissão é ter perdido a exclusividade para o grupo de comunicação que mais vem ‘incomodando’ com índices crescentes de audiência...

Alguém aí pode achar natural que não se coloque azeitona na empada alheia, já que estamos tratando de competidores em audiência e de rivalidade de mercado. Mas informação é um bem diferente de azeitonas em conserva ou empadas. Informação é uma mercadoria de alto valor agregado, que não se degrada com a sua difusão ou compartilhamento e que, muitas vezes, auxilia o seu portador a tomar decisões, escolher caminhos, reorientar-se no mundo.

Isto é, informação é um bem de finalidade pública, embora seja cada vez mais freqüente que empresas controladas por grupos privados a produzam e a façam circular. Independente disso, o produto carece de cuidados e atenções distintas.

Então, cobrir o Pan de Guadalajara é mais do que rechear a empada alheia. É garantir que o público tenha acesso a informações que julga relevantes e interessantes. Afinal, convenhamos, não se pode ignorar os Jogos Pan-Americanos. É uma competição tradicional – existe desde 1951 –, é importante – pois funciona como uma prévia regionalizada dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012 – e é abrangente por ser continental e reunir 29 modalidades esportivas. Esses argumentos bastariam para colocar o evento na pauta de qualquer veículo de comunicação que se preze.

No caso das Organizações Globo, ignorar a efeméride é simplesmente deixar de lado seus recém-anunciados Princípios Editoriais. No documento, os veículos do grupo se comprometem a produzir um jornalismo calcado no que consideram ser os atributos da informação de qualidade: isenção, correção e agilidade. No item que trata de isenção, os princípios são bastante claros, e cito alguns trechos que colidem com o atual comportamento do grupo:

... “(d) Não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido”…

“(n) As Organizações Globo são entusiastas do Brasil, de sua diversidade, de sua cultura e de seu povo, tema principal de seus veículos”…

“p) É inadmissível que jornalistas das Organizações Globo façam reportagens em benefício próprio ou que deixem de fazer aquelas que prejudiquem seus interesses”

Este é um caso típico de descolamento entre o dito e o feito. Claro que as Organizações Globo podem estar preparando coberturas especiais sobre o evento ou correndo para apresentar um material diferenciado às suas audiências. Tomara. Mas se for assim, os veículos do conglomerado estarão atrasados, contrariando outra lei de ouro de seus Princípios Editoriais, a agilidade.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Pan, os recordes e a Record

Nesta sexta-feira começam os Jogos Pan-americanos. É uma competição interessante, que nos dá a impressão de sermos uma potência mundial no esporte. Na última edição, em 2007, no Rio, ficamos em terceiro lugar, com um número respeitável de medalhas: 157 (52 de ouro).


Mas, antes que o leitor ufanista dê pulos no sofá, lembro que acabamos atrás de Cuba. E não dá para ficar convencido sabendo que nossa grande luta é para ultrapassar um país que tem apenas 11 milhões de habitantes, o mesmo que a cidade de São Paulo. Pelo jeito há alguma coisa lá que funciona melhor do que aqui. Mas isso é assunto para outro dia.

Hoje o assunto é televisão.

É que este Pan será transmitido pela Rede Record. É a primeira vez, em muito tempo, que a Globo perde a transmissão de um grande evento esportivo. Creio que isto não acontecia desde 1980, quando a Bandeirantes transmitiu o campeonato de Fórmula-1.

A rede da Igreja Universal mostrará ainda as Olimpíadas de Londres em 2012 e o Pan de 2015.

Será interessante ver como a Globo se portará em relação ao noticiário da competição. Terá total ética jornalística e dará destaque justo às vitórias brasileiras, correndo o risco de alavancar a audiência da concorrente? Ou mal tocará no assunto (como no tempo das Diretas Já), deixando que o fator comercial fale mais alto que o senso jornalístico?

É uma decisão difícil. Talvez a empresa consiga achar um budista caminho do meio. Mas será uma situação delicada, na qual ela terá que mostrar se está eticamente madura para falar de eventos que não comanda.
Por enquanto, a Globo pouco falou no Pan. E quem perde com isso são os atletas, que aparecem menos e assim têm mais dificuldade em justificar e buscar patrocínios.

Dúvidas

Eu vos pergunto: Será que a luta entre as duas redes será boa para nós, espectadores? Será que a disputa, a livre concorrência, realmente gera uma melhora do produto, no caso as transmissões esportivas?

Segundo o senso comum, sim. Mas não é bom tomar decisões apressadas. A disputa nem sempre é mãe de avanços. Pode ser pai de retrocessos. Por exemplo, havia a ideia de que, se mais emissoras fizessem novelas, elas melhorariam. Não foi o que aconteceu. As novelas, com a nobre exceção do Cordel Encantado, pouco inovaram nos últimos anos, apostando em fórmulas já testadas.

Com os humorísticos foi a mesma coisa. Nos tempos da ditadura da Globo, quando ela sempre podia começar seus programas com o bordão “Mais um campeão de audiência…”, a empresa podia dar-se ao luxo de arriscar mais, a fazer programas como Armação Ilimitada. Hoje, em tempos de disputadas mais ferrenhas, em vez de TVs Piratas temos Zorras Totais.

Mas no esporte as coisas podem ser diferentes.

Pelo menos num aspecto, o espectador vai sair ganhando: a Record transmitirá vários eventos ao vivo no horário nobre, o que talvez não acontecesse com a Globo, pois ela pensaria duas vezes antes de arriscar sua audiência. Como a Record tem um ibope mais modesto, fica mais fácil arriscar.

Porém, talvez a transmissão perca em qualidade, já que a Globo, no correr dos anos, construiu uma melhor equipe de profissionais e tem mais experiência nas transmissões internacionais.

No dia 30, no encerramento do Pan, veremos quem saiu ganhando e perdendo. Inclusive no quadro de medalhas.

* José Roberto Torero é formado em Letras e Jornalismo pela USP, publicou 24 livros, entre eles O Chalaça (Prêmio Jabuti e Livro do ano em 1995), Pequenos Amores (Prêmio Jabuti 2004) e, mais recentemente, O Evangelho de Barrabás. É colunista de futebol na Folha de S.Paulo desde 1998. Escreveu também para o Jornal da Tarde e para a revista Placar. Dirigiu alguns curtas-metragens e o longa Como fazer um filme de amor. É roteirista de cinema e tevê, onde por oito anos escreveu o Retrato Falado.

** Publicado originalmente no site Agência Carta Maior.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Lula ganha prêmio nos Estados Unidos por combate a fome



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um dos ganhadores do prêmio "World Food Prize" por criar políticas públicas de combate à fome e à miséria no país.

O ex-presidente de Gana John Kufuor é o outro vencedor.

O prêmio existe desde 1994 e nomeia, anualmente, personalidades que investiram em segurança alimentar. A cerimônia de premiação vai ocorrer em Iowa, nos Estados Unidos, entre 12 e 14 de outubro.

Para a Worldwatch Institute, organizadora do prêmio, Lula criou programas sociais capazes de garantir "um mínimo de renda, permitindo acesso a bens básicos e serviços", que reduziram a pobreza extrema no Brasil.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Regulação da mídia e o lado mais fraco

Publicado por João Brant em Brasil de Fato



Se eu fosse tentar resumir em dois princípios tudo o que gostaria para a área da comunicação, seriam os seguintes:

1) Todo brasileiro deve ter garantido o direito à comunicação, de forma que os meios de comunicação reflitam a diversidade e a pluralidade de ideias do conjunto da sociedade.

2) Toda forma de opressão, pública ou privada, deve ser combatida. O lado mais fraco deve ser sempre protegido.

Na primeira frase, está expresso o princípio geral, da liberdade. Fundamental, mas insuficiente. Na segunda, está o reconhecimento de que a comunicação pode ser arena de um exercício desigual de poder de um lado mais forte sobre outro mais fraco. E de que o combate a essas opressões deve ser base de qualquer país que se queira justo e democrático.

Isso vale para governantes corruptos que perseguem jornalistas que os investigam; grande revista que persegue movimento social; agência reguladora que persegue rádio comunitária; milionário que processa blogueiro; grande canal de TV que invisibiliza os negros ou que naturaliza a violência contra as mulheres.
Como se vê, às vezes os meios de comunicação são os oprimidos; às vezes eles são os próprios opressores. No primeiro caso, eles devem ser protegidos; no segundo, devem ser enfrentados.

Naturalizar práticas opressoras em nome da liberdade de expressão é um grande erro. A liberdade não deve nunca ser previamente impedida, mas ela não exime a responsabilidade de quem se comunica. E quando a comunicação é usada como forma de opressão e violação de direitos, é o lado mais fraco que deve ser protegido. Em outras palavras, quando a liberdade de expressão colide com outros direitos humanos, deve haver o cotejamento para se entender qual deles está sendo “sufocado”.

É em nome basicamente desses dois princípios que uma série de organizações defende um novo marco regulatório para as comunicações. Até 7 de outubro está aberta uma consulta pública sobre o tema em ww.comunicacaodemocratica.org.br. Se essas questões também te movem, acesse e participe.

Universidade espanhola concede título de doutor a Lula

O Conselho de Governo da UIMP (Universidade Internacional Menéndez Pelayo) aprovou nesta quinta-feira (6) a concessão do doutorado honoris causa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reconhecimento a seu "papel fundamental" na erradicação da pobreza e na luta pela democracia.
 EFE
Em comunicado, a UIMP destacou que após assumir a presidência do Brasil, Lula tentou erradicar a pobreza, impulsionou a criação de empregos, investiu em programas sociais e cortou as taxas de juros.

Na política externa, o ex-presidente nascido em 1945 e fundador do PT em 1980 buscou o reconhecimento internacional e assinou vários acordos, defendeu a Amazônia e reivindicou para o Brasil um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O comunicado lembra também do segundo mandato de Lula, quando ele se centrou no Mercosul, na Unasul (União de Nações Sul-Americanas), e no Grupo do Rio, embora tenha mantido uma boa relação com os Estados Unidos e a União Europeia.

A UIMP acrescentou que o ex-presidente, também agraciado com o prêmio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional e o prêmio pela Paz da Unesco, alcançou níveis de popularidade inéditos, reconhecimento internacional, uma significativa redução da pobreza, e a realização dos jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016.

A cerimônia de entrega do prêmio será no próximo verão, no Palácio de La Magdalena de Santander.
Além de Lula, a UIMP também concederá o doutorado honoris causa ao jornalista espanhol Iñaki Gabilondo por sua defesa da liberdade de expressão, que, de acordo com o comunicado da universidade, se reflete em uma aposta constante em um jornalismo de qualidade e no seu compromisso com a informação.

A soprano espanhola Montserrat Caballé, o cardiologista espanhol Valentín Fuster e a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet são alguns dos doutores honoris causa da UIMP.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Humor negro tem limites



A questão em si não é a censura, mas sim o respeito ao próximo e  uma pitada de bom senso.


Fazer os outros rirem de você e com você é uma coisa, agora fazer e  incitar as pessoas a achar engraçado a tristeza dos outros, utilizando piadas usualmente de natureza mórbida, muitas vezes abordando etnias vitimizadas, desrespeitando minorias, isso não pode ser considerado humor. É mais ofensivo do que se pensa...Mas tudo bem, se não é comigo né?

Por essas e outras que aparecem "bolsonaros" falando o que querem. Bolsonaro, que até hoje não foi punido pelas besteiras que fala, acaba encorajando outros que têm o microfone em mãos a falarem asneiras do mesmo tipo.

Um comunicador têm responsabilidades e deve ter muito cuidado com o que fala. Boris Casoy, da mesma emissora que Rafinha Bastos, deixou vazar um áudio em que insulta os garis e os qualifica como "o mais baixo da escala do trabalho".


Não é de hoje que Rafinha Bastos vêm defecando pela boca


Após fazer uma piada de mau gosto sobre o Dia das Mães.

"Ae órfãos! Dia triste hoje, hein?", escreveu Bastos no microblog.

Desde a publicação do comentário, o humorista vem sendo alvo de críticas dos usuários do site.

"Minha mãe morreu há onze anos, que palhaçada hein", escreveu uma seguidora de Bastos. "Você às vezes não tem noção mesmo, né?! Frase péssima e indelicada sobre os órfãos no dias das mães... Pensa antes de escrever", aconselhou outro.

O comediante também foi criticado após um comentário sobre estupro em entrevista à edição brasileira da revista "Rolling Stone". "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho", disse, na ocasião.


Leia também: A onda agora é ser reaça

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Um "Humorista" que defeca pela boca



Rafinha Bastos Suspenso do CQC

Bom humor é rir junto com alguém, rir do outro é ofensivo e preconceituoso, porque um ri sem se importar com que o outro sente, isto não é alegria nem bom humor, é maldade.

Ter opinião própria é fundamental, expressá-la como verdade absoluta, com ofensas para o outro interlocutor, é falta de educação e uma insensibilidade chocante.

Rafinhas Bastos, O MAIOR HUMORISTA DO BRASIL (CHISO ANYSIO) NUNCA PRECISOU DESSE TIPO DE ARTIFÍCIO.
 
"Eu comeria ela e o bebê"
 A polêmica envolvendo Rafinha começou no dia 19 de setembro. Quando Marcelo Tas mencionou que a cantora Wanessa Camargo estava uma gracinha grávida, Bastos replicou: "Eu comeria ela e o bebê". A declaração gerou muita repercussão. A frase causou indignação em muitas pessoas, entre elas Marcos Buaiz, marido da cantora, e Ronaldo, amigo e sócio dele na empresa "9ine". Rafinha acabou sendo suspenso do CQC "por tempo indeterminado".
 
 Obs: Este mesmo "humorista" já havia feito piadas do tipo - Rafinha Bastos, no dia das mães: “Ae órfãos! Dia triste hoje, hein?”
 
 
 

Como reconhecer um direitista enrustido?

tudo-em-cima

Direitista enrustido que se preze é a favor do neoliberalismo. Não, ele não tem idéia do que é isso nem quem inventou esse negócio, mas como ouviu o Arnaldo Jabor e o Diogo Mainardi dizendo que era a solução para os problemas do mundo, ele acreditou. E passou a repetir tudo como um bom papagaio: são contra o Estado e as Estatais (mas não reclamam quando dinheiro público é usado para salvar bancos privados da falência), a favor das privatizações (sim, as mesmas que o fazem espumar de ódio contra a Telefônica) e pregam a “redução dos impostos” (ao mesmo tempo em que choram de raiva por terem que pagar fortunas para ter plano de saúde privado).


Toda pessoa de direita acredita piamente que as pessoas são pobres porque querem. “O problema do Brasil é que pobre não gosta de trabalhar”, costumam repetir. De tanto ler a Veja e ver o Jornal Nacional, eles passam a crer que o sujeito mora numa favela e só consegue trabalhar de lixeiro porque “não quis estudar” ou “não se esforçou o suficiente para subir na vida”. Quando você lembra que essas pessoas não têm condições nem para comer, são obrigadas a trabalhar desde cedo largando os estudos e, devido a tudo isso, só conseguem arrumar subempregos, o direitista novamente vai fechar a cara e começar a resmungar coisas sem nexo do tipo: “Pode ser, mas se um vagabundo desses entrar na minha casa eu meto tiro!”.


 Guia completo de como reconhecer um direitista enrustido